Governo trabalha com Banco de Fomento na criação de "super fundo" para capitais de risco
O Governo está a trabalhar com o Banco Português de Fomento (BPF) na criação de um "super fundo", uma espécie de instrumento financeiro que visa reforçar o investimento das sociedades gestoras de capital nas empresas nacionais.
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O ministro da Economia e da Coesão Territorial, falando na Conferência da Associação Portuguesa de Capital de Risco (APCRI), que decorreu esta quarta-feira em Lisboa, garantiu que este "fundo de fundos" - previsto no programa que o Governo apresentou à Assembleia da República - "é para cumprir".
Segundo avançou Manuel Castro Almeida, o executivo está atualmente "a trabalhar com o BPF para desenhar o seu modelo, as suas fontes de financiamento [e] o modo como irá funcionar. Em breve, teremos notícias sobre este tema", assegurou.
De acordo com o governante, em causa está "um fundo de fundos, estruturante e recorrente, que, sob gestão do grupo BPF, possa dar continuidade à missão do Fundo de Capitalização e Resiliência - centrado na capitalização do tecido empresarial".
O objetivo é replicar "as práticas de mercado das parcerias de capital com o grupo BEI/FEI, promovendo a capacitação do ecossistema nacional de capital de risco".
Na sua intervenção na conferência da APCRI, Castro Almeida destacou o papel do "private equity" e do "venture capital" na "aplicação de investimento produtivo para concretizar de forma sustentada, num espaço de tempo relativamente curto, as ambições de crescimento e de competitividade, quer de empresas tradicionais, muitas delas familiares, quer de empreendedores, por vezes muito jovens, alguns deles ainda a frequentar o ensino superior".
"No caso do 'private equity', a sua entrada nas empresas deve significar o aumento da dimensão das unidades, a compra de novos equipamentos, a aquisição de outras empresas, o aumento da produção, das faturações e dos EBITDA [resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações]", sustentou.
Já no caso do "venture capital" - continuou - "será a inovação produzida pela investigação aplicada a trazer oportunidades de negócio em setores emergentes como a inteligência artificial, a robótica, a automação, a digitalização, a biotecnologia, a cibersegurança, a análise de dados ou o design industrial, entre muitos outros".
Castro Almeida afirmou ainda apoiar a pretensão da APCRI de mudar a designação do setor de "capital de risco" para "capital de investimento", "alinhando-se com a generalidade dos países na União Europeia e no Mundo", e apelou às participadas das sociedades gestoras para que exportem mais do que os atuais 49% das vendas.
O ministro da Economia e da Coesão Territorial é ouvido na quinta-feira no Parlamento no âmbito da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2026.
