O grupo de imigrantes que mais cresceu, em 2017, foi o italiano. Seguem-se o francês, o britânico e o brasileiro.
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Entretanto, diminuiu o fluxo de ucranianos ou cabo-verdianos, ainda que ambas as origens mantenham comunidades grandes no país. O perfil da imigração está a mudar e os sociólogos defendem que, embora se perca algum efeito de substituição demográfica, o país ganha em economia e em tolerância.
No último ano para o qual existem dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (2017), a maior comunidade imigrante em Portugal era a brasileira (+5,1% do que em 2016), mas as que mais cresciam era a mais pequena - a italiana (+51,6%) - e a terceira mais pequena - a francesa (+35,7%). Em sexto lugar entre as comunidades de maior dimensão estão os naturais do Reino Unido, que aumentaram 5,3% em Portugal. Em contrapartida, comunidades de grande dimensão histórica, como a cabo-verdiana (segunda maior) ou a ucraniana, diminuíram (4,4% e 5,9%, respetivamente) ou estagnaram, como a romena (quarta maior, +1,1%).
O mapa do país redesenha-se quando estas novas comunidades já não se fixam apenas na capital, mas se distribuem por distritos menos habitados, como Bragança (+13,1% de imigrantes) ou Beja (+11,5%). Neste último distrito, o aumento de alemães chega a 55%.
Entre janeiro de 2017 e agosto de 2018, aumentaram 83% os residentes não habituais em Portugal, fruto do regime que permite aos reformados não pagar impostos sobre a pensão nos países de origem ou em Portugal (ver reportagem ao lado). "Há quem diga que este tipo de imigração de reformados não nos interessa nada, mas eu considero que é melhor ganharmos algum dinheiro do que não ganhar de todo", analisa Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). "Alguns estão a comprar casa, outros a arrendar", explica Luís Lima, adiantando que os mais velhos beneficiam de "uma melhor qualidade de vida" em Portugal, ao passo que "os jovens, que são sobretudo arrendatários, vêm à procura de oportunidades a nível profissional e académico".
Nova mentalidade
Os portugueses "vão ter de habituar-se a um novo paradigma de imigrantes", defende o sociólogo Manuel Castro Silva. Sejam brasileiros ou italianos, hoje "o país é procurado por pessoas com mais qualificações e recursos" do que ditavam "falsos estereótipos do passado, por exemplo de que o brasileiro vinha jogar futebol e a brasileira para a prostituição".
À medida que os novos residentes se forem instalando em locais menos habituados à imigração, "os portugueses terão de perceber que não estão sob ameaça e acabarão por perceber que devem acarinhar quem vem contribuir para a riqueza do país". Podem já "não ser tão jovens ou ter tantos filhos como os imigrantes do passado, que beneficiavam a demografia portuguesa, mas continuam a atenuar o crescimento negativo da população portuguesa".