Em 2015, os bancos denunciaram, em média, 15 operações por dia suspeitas de configurarem crime de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.
De acordo com os dados cedidos pela PGR ao JN/Dinheiro Vivo, no total do ano passado, foram reportadas 3865 transações realizadas e/ou a realizar que, pela natureza, montante ou características, indiciam a movimentação de valores provenientes de atividades ilícitas.
As denúncias de 2015 comparam com as 2903 comunicações realizadas em 2014. Feitas as contas, registaram-se mais 962 operações suspeitas de lavagem de dinheiro, um crescimento de 33% num só ano. É o número mais elevado de sempre.
De acordo com os mesmos dados, foram suspensas 63 operações bancárias e congelados 47,1 milhões de euros e 9,5 milhões de dólares. Estes valores superam os de 2014, ano em que a justiça suspendeu 43 operações e impediu a movimentação de 34,4 milhões de euros e 2,2 milhões de dólares.
O crescimento do número de participações indicia um agravamento da criminalidade económico-financeira. Mas também revela um maior escrutínio da banca às operações realizadas pelos seus clientes. As transações atípicas geram alertas no sistema dos bancos e obrigam a análise. Por exemplo, um cliente que efetue uma operação bancária de montante igual ou superior a 15 mil euros, independentemente de a transação ser realizada através de uma única operação ou de várias que aparentem estar relacionadas entre si, faz soar o alarme da instituição bancária. Imediatamente, a origem e o destino do dinheiro, o perfil financeiro dos intervenientes nas operações e os meios de pagamento são rastreados [ver texto ao lado].
As instituições têm vindo a reforçar os mecanismos de controlo interno, numa altura em que as redes de branqueamento se tornaram mais sofisticadas e a Banca ficou mais exposta e vulnerável através dos canais eletrónicos.
Sempre que os magistrados do DCIAP recebem denúncias, são efetuadas diligências para confirmar ou infirmar a informação. No entanto, muitas vezes, são reportadas operações já pretéritas e consumadas, não existindo nas contas os montantes de origem suspeita, o que justifica que apenas 1,65% do volume total de participações resulte em inquéritos-crime.