
Elisa Ferreira diz que não é viável concentrar recursos em poucas regiões
Nuno Brites / Global Imagens
A recuperação económica "não pode ser feita repondo os antigos modelos de produção ou de consumo", defendeu, ontem, Elisa Ferreira, nos encontros do Programa Nacional de Apoio ao Investimento da Diáspora.
Para comissária europeia para a Coesão e Reformas, a "reconstrução" da economia europeia "obriga a trabalhar em moldes completamente diferentes", que não podem passar por "reproduzir o modelo de um mundo que está a ficar para trás", dando, como exemplo, o recuo na estratégia energética.
"A utilização da energia como arma de guerra pela Rússia demonstrou que a Europa não pode continuar a depender de combustíveis fósseis", argumentou, deixando, ainda, uma advertência para os riscos da "excessiva dependência" das nossas cadeias de valor em relação a determinados países. Nesse sentido, realçou a importância da Europa diversificar parceiros, de forma a tornar-se "mais resiliente" em setores estratégicos, como energia, matérias-primas e tecnologias dos microcondutores.
"Não diversificar aumenta a fragilidade, seja da economia, seja sociedade", concretizou a comissária, certa de que "não é possível, viável ou racional continuar a concentrar os recursos num leque reduzido de regiões".
Reprogramação do PRR
Durante o encontro, o presidente da Estrutura de Missão Recuperar Portugal, responsável pela gestão do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), assumiu a necessidade de reprogramação deste instrumento de financiamento, em resultado das dificuldades de execução derivadas da "escassez de matéria-primas e de mão-de-obra, da inflação e da subida dos custos de energia". Segundo Fernando Alfaiate, essa reprogramação será apresentada à Comissão Europeia no início do próximo ano.
Falando para a diáspora, Paulo Cafôfo deu conta de que as remessas dos emigrantes portugueses representam 1,7% do Produto Interno Bruto, superando a barreira dos três mil milhões de euros. Um montante "importante", reconhece o secretário de Estado das Comunidades. Contudo, o valor da diáspora vai "muito além" deste indicador económico.
São um ativo de valor incalculável", afirmou, perante uma plateia de empresários e investidores, muitos deles radicados no estrangeiro.
O governante destacou o apoio da diáspora na internacionalização das empresas portuguesas, mas também como "prescritora do que é português", com reflexos da economia.
