Um quinto da faturação anual do setor está perdida. Em maio, 70% do alojamento esteve fechado ou vazio.
Os primeiros três meses de pandemia (março a maio) resultaram num apagão histórico nos proveitos da hotelaria e outros alojamentos turísticos, como o local. O rombo total já é superior 864 milhões de euros. Ou seja, um quinto da faturação anual deste setor (20%, tendo 2019 como referência) já estará irremediavelmente perdida.
Segundo cálculos do JN/Dinheiro Vivo com base em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), de março a maio deste ano, o valor dos proveitos com hóspedes (nacionais e estrangeiros) na hotelaria e nos outros alojamentos afundou para cerca de 116 milhões de euros, menos 88% do que em igual período de 2019 (980 milhões).
No ano passado, Portugal faturou 4,3 mil milhões de euros nos estabelecimentos de alojamento turístico, indica o INE. Foi o valor mais alto de que há registo.
Este colapso na atividade turística em março-maio só não foi pior porque março não foi inteiramente afetado pelas medidas de confinamento da economia e de circulação de pessoas.
Em Portugal e na maioria dos países emissores de turismo, os quadros de confinamento para tentar travar a pandemia foram anunciados em meados de março.
Norte perdeu 88%
Em todo o caso, as receitas da hotelaria e similares estavam a crescer mais de 13% em fevereiro, mas em março surgiu o primeiro embate: a quebra foi de 50% face a igual mês de 2019.
Mas o pior viria depois. Em abril e maio, o turismo foi praticamente interrompido e com ele as receitas.
Em abril, o valor faturado caiu mais de 98%, para uns míseros cinco milhões de euros. Em maio, a queda foi de 97%, para apenas 11 milhões. "A atividade turística esteve praticamente parada em maio", refere o instituto.
Todas as regiões sofreram brutalmente nestes três meses, com quebras entre os 84% (Alentejo e Madeira) e os 90% (Algarve e Açores). No Norte, a queda foi de 88%; na Área Metropolitana de Lisboa, o colapso na receita chegou a 89%.