O presidente do PSD considerou esta terça-feira que a principal responsável pelo agravamento do défice em mais de seis mil milhões de euros no primeiro semestre "é a pandemia", reiterando que não é oposição para "dizer mal de tudo".
À margem de uma reação sobre notícias relativas ao Novo Banco, na sede nacional do PSD, em Lisboa, Rui Rio foi questionado sobre o agravamento do défice das contas públicas portuguesas em 6 122 milhões de euros no primeiro semestre de 2020, atingindo os 6 776 milhões devido aos efeitos da pandemia de covid-19, valores conhecidos na segunda-feira.
"Infelizmente aqui, pode haver responsabilidade política, mas a principal responsabilidade é da pandemia. Eu tenho dito muitas vezes que eu não sou oposição para atirar a tudo o que mexe e dizer mal de tudo", afirmou.
Rui Rio disse estar "obviamente muito preocupado" com estes valores do défice, mas acrescentou que já estava à espera que fosse "muito mais elevado do que estava programado e ainda pior do que o projetado pelo Governo".
"Reconheço que não é fácil fazer previsões no quadro desta instabilidade toda que temos", disse, escusando-se a adiantar qual seria a posição do PSD caso o Governo tivesse de apresentar um novo Orçamento Retificativo, que ainda nem se sabe se será necessário.
De acordo com o Ministério das Finanças, a execução orçamental "evidencia os efeitos da pandemia da covid-19 na economia e nos serviços públicos na sequência das medidas de política de mitigação".
O ministério assinala ainda que contribuindo para o défice de 6 773 milhões de euros no semestre "destaca-se a redução da receita fiscal e contributiva em resultado da diminuição acentuada da atividade económica provocada pelo período mais intenso de recolhimento e de utilização do lay-off".
"Esses efeitos, até ao primeiro semestre, justificam uma degradação do saldo de pelo menos 3 733 ME [milhões de euros]", pode ler-se no comunicado enviado esta terça-feira às redações, que atribui menos 2 423 milhões de euros "por via da quebra da receita" e mais 1 310 milhões de euros "por via do crescimento da despesa".