
No seu imaginário infantil sempre conviveram duendes e fadas. E o interesse pela magia manifestou-se cedo. Lembra-se de, aos cinco anos, ficar vidrado com os truques feitos com moedas, que desapareciam num piscar de olho, por um amigo do pai.
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A parte de dar espectáculo, de fazer divertir uma plateia também encontra explicação remota. Era fã dos "Strumfs", especialmente do "Brincalhão", aquele que pregava partidas a toda a gente e que veio a imitar.
Aos poucos foi aperfeiçoando as técnicas, a par da progressão nos estudos dito normais. Formou-se em Educação Física. Mas é como mágico, aos 30 anos, que chega à televisão, através da SIC, em horário nobre, aos sábados. Mário Daniel estreou ali na semana passada "Minutos de magia".
Como surgiu a ideia de fazer o programa "Minutos de Magia", para a estação de Carnaxide?
Apesar de me ter licenciado em Educação Física, desde os meus 16 anos de idade que exerço magia como profissional. A ideia de desenvolver um projecto como este surgiu por volta dos meus 18 anos, embora colocá-lo em prática fosse bastante complicado e imaturo. Quando, oito anos mais tarde, o meu irmão, David Mendes que é o realizador deste programa, concluiu a sua licenciatura em Tecnologia da Comunicação Audiovisual e a minha carreira nesta área estava já consolidada, considerámos ser essa a altura ideal para concretizar este projecto.
Foi então o Mário Daniel quem fez a proposta à estação?
A "Mário Daniel Produções" e a "Ideias com Pernas", empresa do meu irmão e do seu sócio Pedro de Castro, apresentou um programa piloto à SIC em 2009 que foi bem recebido e aprovado pela actual Direcção de Programas.
Como se preenche cada emissão?
Cada episódio decorre numa cidade diferente do nosso país e tem a duração de 35 minutos. Em "Minutos Mágicos" a magia sai do palco e desce à rua. Esqueçam as pombas e os coelhos na Cartola porque aquilo que cada um de nós traz no bolso é suficiente para criar um fantástico momento de ilusão.
Estaremos diante de números menos convencionais?
A verdadeira magia é feita assim: à nossa frente, no momento, sem cenários nem efeitos especiais. Com objectos que usamos no dia-a-dia, notas, cartas, telemóveis ou bilhetes de autocarro... Neste programa as ilusões servem para pregar partidas aos espectadores em "Magia às Escondidas", deixar um sorriso estampado na cara das crianças em "Magia de Palmo e Meio", ensinar truques para os espectadores fazerem em casa em "Magia de Bolso", e surpreender algumas das personalidades mais conhecidas de Portugal na rubrica "Convidado Especial".
Haverá sempre convidados, é isso?
Há uma rubrica chamada "Convidado Especial" em que surpreendemos e captamos a reacção de algumas personalidades conhecidas do nosso país, como é o caso de Rui Veloso, José Raposo, Diana Chaves, Pedro Tochas, António Pedro Vasconcelos, entre muitos outros.
Como acha que tem evoluído a magia enquanto actividade artística?
Penso que a magia tem evoluído de forma bastante positiva, com cada vez mais e bons programas de magia pelo mundo, que mostram uma magia mais moderna, mais divertida, mais descontraída.
De qualquer modo, a magia não tem grande divulgação em Portugal. A que se deverá tal facto?
Porque não está na moda. Há poucos anos atrás não se ouvia falar de "stand up comedy", hoje temos vários excelentes artistas. E, na verdade, isso deve-se a programas de televisão como o "Levanta-te e Ri"… A televisão "dita" as modas.
Haverá pouca sensibilidade para as actividades artísticas?
Penso que está a melhorar mas, em geral, as pessoas preferem comprar um bilhete para o futebol, do que para um espectáculo num teatro. Os portugueses têm alguma dificuldade em reconhecer os artistas nacionais ao contrário, por exemplo, dos americanos que promovem e valorizam o que é "deles".
Como vê o facto de Luís de Matos ser mais reconhecido lá fora do que no seu país?
Na minha opinião isso não corresponde à realidade… O Luís de Matos, no nosso país, é uma referência e uma figura pública, reconhecida por todos, e que, ao longo da sua carreira, tem tido um papel preponderante na dinamização e promoção da magia em Portugal. No estrangeiro, é altamente considerado, e reconhecido o seu valor, pela generalidade da comunidade mágica mundial.
