Tati é brasileira, tem 31 anos, anda por cá há cinco, é transexual. Os seus modos são suaves: “Eu era um homem, soube cedo o que queria, operei o nariz, meti mamas de silicone, fiz tratamento hormonal, lipoaspiração, sou transexual. Não, o meu sexo não é feminino, mantenho o membro masculino, não sei se chegarei à transformação final”, diz Tati a justificar: “Os meus clientes, na maioria querem é ser possuídos”.
Tati está num quarto no rés do chão de um prédio de classe média numa das ruas afluentes da Foz residencial. Nunca trabalhou na rua, só em quartos e nunca pára muito tempo no mesmo sítio, diz ela, 15 dias aqui, 15 ali, 15 acolá”, diz ela sem detalhar, a dizer que “os transexuais têm que rodar para manter a chama da novidade”. Aluga quartos à semana, custa-lhe em média 150 euros, “em prédios de gente normal”. E o seu preço? “No mínimo 40 euros, mas depende da pinta do cliente, já levei 40, já levei 200, depende do transar. Tudo junto no mês? Em média lucro aí uns mil euros. É isso, quem disse que isto é vida fácil estava a gozar”.
E o que querem os seus clientes? Querem a dança dos centauros. “Os meus homens, gosto de dizer os meus homens, a maioria são homens de meia-idade, são casados e são gays. São gays que cresceram tão reprimidos que fecharam o corpo, gays que vivem tão trancados que quando nos veem explodem-se de alegria”, diz ela.
“Como é que eu faço?”. Ela sorri um tanto e cita quase ipsis verbis Fostter Riviera, o mais renomado ator gay nacional. “Ele dizia assim apresentando o argumento ao seu parceiro de cena antes de filmar: ‘Tu chupas, és fornicado e já está’ – ou, no caso, o meu cliente chupa, é fornicado e já está. Você compreendeu, não compreendeu, querido, é isso aí”.