Um estudo publicado na revista científica "Nature Communications" revela que os tijolos, alicerces na construção de quase todas as casas, podem armazenar energia suficiente para acender luzes LED. Caso a pesquisa dos cientistas evolua, os tijolos poderão tornar-se uma energia verde e sustentável.
Os resultados publicados esta terça-feira por um grupo de cientistas na "Nature Communications" vêm dar um valor acrescentado a casas de todo o mundo. Os tijolos tradicionais podem ser transformados em objetos de armazenamento de energia. Para já, conseguiram "alimentar" luzes LED, mas caso a pesquisa evolua e se torne acessível globalmente, as paredes das nossas casas podem carregar, por exemplo, um computador portátil. Parece estranho, mas a ciência explica.
Os blocos de construção já conseguem, por si só, armazenar algum calor. Contudo, os cientistas tentaram ir mais longe: introduzir uma série de gases nos poros dos tijolos. Através desta experiência foi possível criar uma nanofibra plástica, que facilita a eletricidade. O tradicional tijolo laranja ficou azul durante este processo.
"O que demonstramos no nosso artigo é suficiente para acender a iluminação de emergência num corredor ou sensores que poderiam ser embutidos nas paredes de uma casa", disse Julio M. D'Arcy, professor da Universidade de Washington e um dos autores do estudo, citado pela "BBC".
Apesar da descoberta, a energia gerada pelos tijolos não é semelhante ao de uma bateria. São, afinal, ultracapacitores. O que é que isto significa? Conseguem armazenar uma grande quantidade de energia, mas não por muito tempo. D'Arcy dá o exemplo: "Uma bateria dá densidade de energia que permitirá conduzir 300 milhas [482 km], mas um ultracapacitor permite que se acelere muito rapidamente no sinal vermelho".
Depois de o lítio surgir como uma das energias do futuro - Portugal é um dos maiores produtores mundiais -, o novo estudo sobre tijolos "mostra que há potencial para armazenar energia elétrica", conclui Dan Brett, professor de engenharia eletroquímica da Universidade de Londres, em entrevista ao canal de televisão britânico.