São 20 milhões de euros em comissões que estão sob suspeitas de fraude que levaram, esta segunda-feira, à realização de buscas na SAD do F.C. Porto, às casas do presidente Pinto do Costa, do seu filho Alexandre e de outros agentes ligados ao clube azul e branco.
O inquérito do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) envolvem negócios que o F.C. Porto realizou pelo menos desde 2017.
A operação desta segunda-feira visava recolher provas das suspeitas de "fraude fiscal, burla, abuso de confiança e branqueamento, relacionados com transferências de jogadores de futebol e com circuitos financeiros que envolvem os intermediários nesses negócios", esclareceu esta segunda-feira à tarde o Ministério Público, que precisa que em causa estão "factos ocorridos pelo menos desde 2017 até ao presente, com forte dimensão internacional e que envolve operações de pagamento de comissões de mais de 20 (vinte) milhões de euros".
O empresário de Braga, Bruno Macedo, que foi detido na Operação Cartão Vermelho, em que Luís Filipe Vieira foi constituído arguido, estará envolvido na transferência do jogador Éder Militão. O atleta foi comprado ao São Paulo, no Brasil, em 2018, e vendido um ano depois ao Real Madrid, com mais-valias milionárias. Há suspeitas da existência de comissões inflacionadas.
O empresário Pedro Pinho, conhecido pela alegada agressão a um repórter da TVI e que foi sócio de Alexandre Pinto da Costa, mediou a primeira transferência do atleta, comprado por 8,5 milhões. Neste negócio, Pinho recebeu 1,2 milhões. Um ano depois, Macedo e um sócio brasileiro, Giuliano Bertolucci, trataram da transferência de Militão para Madrid, por 50 milhões de euros. O F. C. Porto viria a declarar mais-valias de 28,4 milhões. As despesas do negócio atingiram 21,5 milhões, com os empresários a declararem nove milhões em comissões, cerca de 20%.