Emanuel Calças, um dos encapuzados que atacaram os jogadores na Academia do Sporting, foi dos adeptos mais ativos na organização da ida a Alcochete. Em tribunal, mostrou-se arrependido, defendendo que "as mensagens sobre agressões eram da boca da fora" e que "nada do que aconteceu estava planeado".
De acordo com o Ministério Público (MP), o arguido foi administrador do grupo criado no WhatsApp "Academia Amanhã", para o qual convidou elementos a participarem em agressões aos jogadores, definindo Rui Patrício e William de Carvalho como alvos a atacar, além de Acuña e Battaglia, os argentinos que insultaram a claque no fim do jogo na Madeira. "Esses quatro não se podem ficar a rir", escrevia Emanuel Calças.
Levantada a possibilidade de haver jornalistas à porta da academia, o arguido que respondeu que era "para partir tudo".
De acordo com a acusação do MP, o arguido pediu para os adeptos levarem balaclavas (carapuços para tapar a cara) e "foguetes", confirmando, na véspera do ataque, a hora do treino do plantel: "Tenho informação oficial que é às 17".
Em tribunal, contou que o previsto seria chegar a meio do treino com o objetivo de interrompê-lo e pressionar os jogadores no relvado, mostrando "desagrado perante o resultado e insultos na Madeira". "Chegámos às 17 horas pois, na Comunicação Social, a informação era de que o treino seria às 16 horas", explicou aos juízes do Tribunal de Monsanto.
Calças foi dos primeiros a entrar no balneário dos jogadores. "Vejo um garrafão a voar, mas não vi agressões", relatou o arguido, que à saída, viu Jorge Jesus a correr à sua frente, queixando-se de ter sido agredido.
O arguido disse que julgou que Mustafá fosse acompanhar a visita a Alcochete, uma vez que o ex-líder da Juventude Leonina tinha tido que iria estar presente. "Achei estranho porque o Mustafá desligava sempre o telemóvel nos dias depois dos jogos, principalmente depois das derrotas, mas acreditei que fosse". Afinal, "se ele, lá estivesse, nada disto tinha acontecido".