Desaparecimento de Rui Pedro lembrado com críticas aos milhões gastos com Maddie

27 maio, 2023 às 17:18
Mónica Ferreira/JN

Presidente da Associação de Crianças Desaparecidas critica milhões gastos a procurar Maddie McCann, em contraponto com valores investidos para encontrar outras crianças.

A Câmara Municipal de Lousada, em parceria com a Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas, assinalou na noite desta sexta-feira o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas (que se celebrou no dia 25 de maio), com a exibição do filme "Sombra", no Auditório Municipal de Lousada. O filme, que conta a história de uma mãe que luta para encontrar o filho, assemelha-se muito à história de Filomena Teixeira, a mãe de Rui Pedro, o menino que desapareceu em 1998, em Lousada. A sessão contou com a presença dos pais e familiares de Rui Pedro e realizou-se graças ao empenho da família de Rui Pedro, em particular da irmã Carina Mendonça, que conseguiu interligar as partes que contribuíram para a realização do evento, inclusive com a produtora, que cedeu gratuitamente os direitos do filme, para a sua exibição em Lousada.

Ainda antes da exibição do filme, Filomena Teixeira, mãe do menino que desapareceu com 11 anos, de Lousada no dia 4 de março de 1998, agradeceu ao município a realização da iniciativa, que permite continuar a lembrar a luta que trava há vários anos, no sentido de saber o que sucedeu a Rui Pedro, cujo desaparecimento continua envolto em mistério. Visivelmente emocionada, Filomena Teixeira, destacou a importância da Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas para ajudar outras famílias na busca dos seus filhos desaparecidos, dando o apoio que ela não teve quando o seu filho desapareceu.

Presente na cerimónia esteve também Patrícia Cipriano, presidente da Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas, que não deixou de comentar o investimento que está a ser feito na investigação do caso Madeline McCann, a menina que desapareceu na Praia da Luz, no Algarve em maio de 2007 e cujo caso ainda teve novos desenvolvimentos esta semana, em contraponto com os diversos casos ocorridos em Portugal.

Reconhecendo que é importante que se investigue, Patrícia Cipriano, defendeu a importância de se investigar também o desaparecimento de outras crianças e recordou que no caso de Madeline McCann o Estado já investiu cerca de um milhão de euros, valor muito aquém dos três mil euros gastos na investigação do desaparecimento de Rui Pedro.

Rui Pedro desapareceu em Lousada a 4 de março de 1998, quando tinha 11 anos. O seu desaparecimento chegou a tribunal e, em 2013, Afonso Dias, amigo do menino e a última pessoa que terá estado com ele no dia do seu desaparecimento, foi condenado pelo Tribunal da Relação a três anos de prisão pelo rapto de Rui Pedro, depois de ter sido absolvido em tribunal de primeira instância.

Depois de esgotadas todas as possibilidades legais de recurso, o camionista começou a cumprir a sua pena a 18 de março de 2015, no estabelecimento prisional de Guimarães. Foi libertado a 29 de março de 2017, depois de ter cumprido dois terços da pena.

Apesar de ter sido condenado, Afonso Dias sempre se declarou inocente.