O industrial Joaquim Ferreira Torres foi morto a 21 de agosto de 1979 com cinco tiros, três na cabeça, um no rosto e outro no braço esquerdo. Provavelmente disparados à queima-roupa. O atentado deu-se antes das 9h00 da manhã, na estrada que liga Paços de Ferreira a Paredes, numa curva sita no lugar do Barro Branco.
O JN deu conta, logo no dia seguinte, e nas quatro edições posteriores dos contornos do crime, dizendo que os assassinos, cujo número exato se desconhecia - podendo ter sido dois atiradores e um vigia - e que estariam escondidos atrás de um muro na berma, dispararam sobre o carro do malogrado industrial, um Porsche 911 T, tendo-o atingido no braço. Ferreira Torres ainda tentou fugir, acelerando, mas descontrolou-se indo embater no muro. Aí, concluíram as autoridades, os assassinos aproximaram-se do pára-brisas e tê-lo-ão executado à queima-roupa - como parece indicar o facto de ter o rosto chamuscado - com mais quatro disparos. Ao todo, a Polícia Judiciária (PJ)encontrou dez invólucros de bala, sendo que uns eram de calibre 7.65 milímetros e outros de 9 mm, o que mostra que terão sido dois os executores do crime.
Os criminosos fugiram, depois, num carro de cor branca, que foi visto por populares num caminho junto à via. O cadáver, ensopado em sangue, foi encontrado minutos depois por duas mulheres que ali circulavam e que deram o alerta à GNR e à PJ.
O crime criou grande alvoroço na zona, onde Ferreira Torres era muito conhecido, quer por ter sido presidente da Câmara de Murça quer como industrial. Era natural de Amarante, mas vivia numa quinta em Penafiel.
Por isso, e por alegadamente ter pertencido à rede bombista - o ramo armado de uma organização de extrema-direita ligada ao chamado ELP (Exército de Libertação de Portugal) - que teria sido gerida, a partir de 1975 pelo general António de Spínola, com a colaboração do cónego Melo Peixoto, da arquidiocese de Braga - logo se começou a especular sobre se os criminosos não seriam da rede, sendo o crime um ato de vingança. Neste contexto, que a PJ começou logo a investigar, poderia estar também um episódio de apreensão de um arsenal de armas, meses antes, pela Polícia espanhola, na cidade fronteiriça de Tui e a que o ELP estaria ligado. A especulação foi adensada pela mulher da vítima, Elsa Torres, que compareceu no local, com o filho e o cunhado, Avelino Ferreira Torres, e que disse ao JN saber quem teria sido o mandante, adiantando que o marido recebera uma carta de Espanha com ameaças de morte. Outra das hipóteses aventadas na região era a de se tratar de crime passional. A PJ investiga, informava o JN.