Três mulheres e dois homens em julgamento. Exigidos milhares de euros para não divulgar imagens nas redes sociais e a amigos.
Um assessor do presidente da Câmara de Guimarães apresentou queixa contra dois homens e três mulheres por chantagem e agressão, tentativa de agressão e extorsão. Em causa no processo, já em julgamento, está o relacionamento sexual entre o assessor (com funções delegadas pelo presidente para que exerça funções em outro serviço que não o apoio direto ao edil) e alto quadro da Autarquia, que terá começado em 2016. No decurso das relações sexuais, a mulher, de 44 anos, agora arguida, fotografou o assistente em poses íntimas e sem roupa, chantageando-o posteriormente.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), o funcionário, R.L.R., que é assistente no processo, mostrou-se, de início, contrário à realização de fotografias mas acabou por consentir. O processo está ser julgado em Guimarães, mas a primeira sessão foi adiada.
A posse das fotos "comprometedoras" e a ameaça de publicação nas redes sociais e de as distribuir por amigos do assessor fez com que este aceitasse, por várias vezes, dar dinheiro à mulher com quem se envolvera sexualmente. Em abril de 2016, a título de empréstimo, ainda antes da existência das imagens, o funcionário da Câmara e destacado militante do Partido Socialista entregou à mulher 1030 euros. Entre essa data e o dia 17 de agosto houve vários encontros. Do processo consta ainda que, nesse dia, num café da cidade, a arguida terá informado o assessor de que sofreu lesões sexuais na sequência do seu relacionamento, e não podia levar "uma vida normal". Na mesma altura, a mulher pediu 200 euros para não enviar as imagens a várias entidades vimaranenses. O homem pagou, acrescentado mais dez euros para a compra de um cartão descartável para o telemóvel.
No total, o assessor terá pago mais de dois mil euros. Do que o MP apurou, o assistente e a arguida encontraram-se, mais do que uma vez, no posto de trabalho do assessor (no edifício central da Câmara de Guimarães). Num dos encontros, a mulher pediu 25 mil euros, ameaçando entregar à secretária do presidente da Câmara da altura uma "pen" com as fotos em causa e divulgá-las no Facebook. Como o assessor recusou pagar, a arguida pediu ajuda a quatro conhecidos, alegadamente com o objetivo de o intimidar.
Em agosto e setembro houve vários encontros. Num deles, na casa do funcionário, o grupo tê-lo--á agredido, ameaçado com uma navalha e atado, com panos brancos, os braços e as pernas. Para além dos 25 mil euros, o grupo, de acordo com a acusação, queria ainda ouro. A alegada vítima conseguiu fugir depois de iludir o grupo com a promessa de que iria a um multibanco levantar dinheiro.
A autora das fotos está acusada da prática de dois crimes de extorsão e um de fotografias ilícitas. É ainda coautora, juntamente com os outros três arguidos, de um crime de extorsão na forma tentada. As três mulheres identificadas no processo respondem ainda por roubo na forma tentada.