Evaristo Martinho, de 76 anos, foi acusado de homicídio agravado por ódio racial. Crime que tirou a vida a ator negro ocorreu no verão do ano passado
Evaristo Martinho, o septuagenário suspeito de ter assassinado a tiro o ator Bruno Candé, na Avenida de Moscavide, em Loures, foi acusado do crime de homicídio. No despacho de acusação, tornado público nesta terça-feira pelo Jornal Público, o Ministério Público de Loures sustenta também que o homem de 76 agiu motivado por ódio racial e proferiu expressões racistas antes de alvejar Bruno Candé.
O crime ocorreu em 25 de julho do ano passado. De acordo com informações recolhidas, nessa data, pelo JN no local, tudo terá acontecido pelas 13.20 horas. Depois de almoçar e beber num restaurante em Moscavide, o alegado homicida dirigiu-se, a pé, para a Avenida de Moscavide, onde, terá, mais uma vez, encontrado Bruno Candé Marques sentado num banco, na companhia da sua cadela e de um rádio.
Terá sido então que lhe pregou uma rasteira que o fez cair ao chão e, com este já prostrado, o atingiu com pelo menos três tiros num braço e no peito. Em seguida, terá tentado fugir do local, mas, já após largar a arma, acabou apanhado por populares que, com um cinto, prenderam os seus braços atrás das costas, até à chegada da Polícia.
Família exige justiça
Na ocasião, Bruno Pires, do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, confirmou ao JN a detenção do suspeito, após este ser retido por populares. "A arma foi apreendida", acrescentou o comissário, precisando que, na origem do crime, terão estado, segundo os testemunhos recolhidos, desacatos ocorridos durante a semana relacionados ou com a cadela da vítima ou com o barulho.
Em causa estará, ao que o JN apurou, uma altercação ocorrida quarta-feira, depois de o idoso ter, alegadamente, batido no animal. Por norma tranquilo, Bruno Candé Marques não gostaria que se metessem com a cadela ou que a alimentassem sem a sua autorização. O idoso insultá-lo-ia ainda sempre que ali passava e já o teria ameaçado de morte.
Para a família da vítima, "face a esta circunstância, fica evidente o caráter premeditado e racista deste crime hediondo". "Prestamos homenagem e exigimos que a justiça seja feita de forma célere e rigorosa", lia-se num comunicado. As certezas da família foram agora confirmadas pelo Ministério Público que, na acusação, defende que o crime de homicídio foi agravado pelo ódio racial.