A Procuradoria Geral da República (PGR) e a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) só souberam pela Polícia Judiciária (PJ) que os seus servidores informáticos tinham, em 2018, sido atacados, alegadamente por Rui Pinto.
A garantia foi dada esta quarta-feira, em tribunal, por José Amador, inspetor da PJ e testemunha da acusação e da defesa do gaiense, atualmente a ser julgado em Lisboa por 90 crimes: extorsão na forma tentada (1), acesso ilegítimo (6), sabotagem informática (1), violação de correspondência (14) e acesso indevido (68).
Questionado pela procuradora do Ministério Público, Amador explicou que, em ambos os casos, os atos com "grande probabilidade" de serem ilícitos ao analisar o conteúdo de dois dos 12 discos apreendidos ao criador da plataforma Football Leaks.
"Ninguém na PGR fazia ideia do que se tinha passado ou se estava a passar", sublinhou o inspetor, precusando que um e-mail fraudulento para Amadeu Guerra terá tornado o então diretor do Departamento Central de Investigação e Acção Penal - onde são investigados os casos mais complexos - numa das "grandes portas de entrada no sistema".
A inquirição de Amador, que ocupou já três dias do julgamento, continua na quinta-feira, no Tribunal Central Criminal de Lisboa. Rui Pinto tem estado presente em todas as sessões.
Na sua declaração inicial, a 4 de Setembro, afirmou tudo o que fez foi por "um bem maior" e que nunca recebeu dinheiro pelos atos que praticou.