País está no 33.º lugar do Índice sobre Perceção da Corrupção, atrás do Catar, Bahamas e Barbados.
Portugal ocupa a 33.ª posição, em 180 países, no Índice sobre a Perceção da Corrupção. No relatório elaborado pela Transparência Internacional, o país repete o lugar do ano passado, com um ligeiro crescimento na pontuação, mas ainda abaixo da média da União Europeia (UE) e atrás de países como o Catar, Bahamas ou Barbados. A tabela, ontem divulgada pela associação cívica, volta a ser liderada pelos países do Norte da Europa e tem o Sudão do Sul, Síria e Somália nos últimos lugares. Mostra também que foram poucos os estados que, na última década, avançaram com medidas significativas de combate à corrupção.
No ano passado, Portugal ficou no 33.o lugar, com 61 pontos (numa tabela em que 0 significa altamente corrupto e 100 incorruptível). Foi o resultado mais baixo de sempre e, destacava essa edição, "bastante abaixo dos valores médios da UE, fixados em 66 pontos". Agora, o país chegou aos 62 pontos, mantendo o 33.o lugar.
Construído com a opinião de especialistas, empresários e estudos sobre o fenómeno, o Índice sobre a Perceção da Corrupção elogia o facto de Portugal ter sido um dos cinco países da UE que transpuseram para a legislação nacional a diretiva europeia, que protege os denunciantes. Aborda, igualmente, a nova estratégia anticorrupção aprovada pelo Governo, mas para salientar que a medida "falha ao não abranger os partidos políticos e o Banco de Portugal".
Mais dinheiro, mais risco
Para a presidente da associação Transparência e Integridade, Susana Coroado, o pacote legislativo devia, de facto, ter ido mais longe. "A existência de uma estratégia anticorrupção devia ter dado mais pontos. Mas esta focou-se na pequena corrupção na administração pública que, em Portugal, não é sistémica. Dominante é a grande corrupção no topo das empresas e na política", alega.
Susana Coroado lembra que a estratégia anticorrupção "foi cozinhada nos gabinetes do Governo" e que "os restantes partidos não tiveram uma palavra a dizer". Deseja, por isso, que o tema volte ao Parlamento na próxima legislatura", até porque há nas instituições "falta de integridade" e "práticas que abrem as portas à corrupção".
"Portugal tem regredido no que toca à qualidade das suas instituições e este será um ano fundamental", afirma. Não só pelo aparecimento de "novos protagonistas políticos", como também pela chegada, em força, dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência.
"A partir do momento em que há mais dinheiro disponível, há necessariamente o aumento do risco. E é preciso ter consciência desse risco para prevenir o mau uso dos fundos europeus desde o início. Não chega criminalizar no final do processo, quando o dinheiro já desapareceu", explica.
O perigo de o dinheiro público acabar no bolso de corruptos está, aliás, a crescer em todos os continentes. "Os níveis de combate à corrupção estagnaram em todo o Mundo, dado que 131 países não fizeram progressos significativos na última década e, este ano, 27 países tiveram resultados mínimos históricos. Os direitos humanos e a democracia estão sob assalto", frisa o relatório.