O diretor executivo da Agencia para o Desenvolvimento do Vale do Tua afirmou, esta segunda-feira, que a suspensão dos transportes alternativos ao comboio viola o plano de mobilidade determinado pelo Governo, para aprovação da barragem de Foz Tua.
José Silvano explicou à Lusa que a Declaração de Impacto Ambiental (DIA), que deu parecer favorável condicionado à construção da hidroelétrica que vai submergir a linha, impôs a elaboração de um plano de mobilidade alternativo.
De acordo com o autarca, como esse plano só estará executado "dentro de três ou quatro anos", foi assinado um protocolo entre a CP, Refer, Câmara de Mirandela, Metro de Mirandela e a agência de desenvolvimento para assegurar a mobilidade até à sua conclusão.
"É a pior coisa que pode acontecer: as entidades que assumiram aquele protocolo falharem", declarou.
O protocolo determinava que a CP pagava uma verba anual de 125 mil euros ao Metro de Mirandela para assegurar o transporte rodoviário alternativo às populações, entre o Cachão e o Tua, o Metro continuava a circular entre o Cachão e Mirandela, a Refer assegurava as condições técnicas, enquanto a agência trabalha na elaboração do novo plano de mobilidade.
A circulação do comboio está suspensa desde agosto de 2008, entre o Cachão e o Tua, depois do último de quatro acidentes com outras tantas vítimas mortais.
A linha foi agora oficialmente desativada, deixando de integrar a Rede Ferroviária Nacional, e a CP entendeu que não tem mais responsabilidades sobre ela, acabando com o financiamento dos transportes alternativos, segundo as entidades locais.
O plano de mobilidade é a medida mais emblemática das condições impostas pelo Governo à EDP para a aprovação da barragem de Foz Tua, mas ainda não tem asseguradas as verbas necessárias para a sua materialização.
O diretor executivo da agência de desenvolvimento, um organismo resultado também das contrapartidas dadas pela EDP, disse hoje à Lusa que já tem luz verde par avançar com uma candidatura de 75 milhões de euros, que terá ainda de ser sujeita a aprovação.
A EDP, a concessionária da barragem em construção há mais de um ano na foz do rio Tua, já disponibilizou 10 milhões de euros, que serão insuficientes se não for aprovada a candidatura em causa a fundos comunitários.
O plano de mobilidade contempla a recuperação de um pequeno troço final da linha, entre a estação do Tua e a barragem, um funicular para subir a encosta da margem esquerda do rio até ao nível do coroamento da albufeira, e barcos para transportar as pessoas até à sua cauda.
O grosso do investimento terá de ser feito na reabilitação do que resta da linha do Tua, a montante da barragem, para criar condições de segurança necessárias à circulação na ferrovia.