Apartamento onde o jovem campeão mundial vive foi vendido e a família não tem dinheiro para pagar renda no atual mercado imobiliário
O apartamento arrendado onde o atleta paralímpico medalhado Rafael Neto, de 19 anos, vive há 14 anos com os pais em Lisboa, na Ajuda, foi vendido e a nova proprietária avisou que vai mudar-se para lá já a partir de março. Sem encontrar casa desde há meses, quando foram notificados do fim do arrendamento, o desespero da família do velocista, campeão mundial de 200 metros de atletismo adaptado (cadeira de rodas), foi divulgado no início desta semana nas redes sociais do ex-paralímpico Jorge Pina.
Maria do Céu, 52 anos, mãe de Rafael Neto, afirmou esta sexta-feira ao JN que a família não encontra soluções no mercado de arrendamento e que está a entrar em desespero. "Nós só queremos uma casa que possamos pagar com os nossos rendimentos, mas não encontramos nada, é desesperante", lamenta Maria do Céu, que acrescenta que "a nova proprietária também disse que ela própria tem que se mudar para este apartamento T2 em março, correndo ela o risco de ficar sem teto".
A mãe de Rafael recebe o salário mínimo nacional e o pai é trabalhador por conta própria, alfaiate, pelo que os valores que são pedidos por casas em Lisboa, acima dos 2000 euros, são insuportáveis. Também diz que tenta concorrer há anos a programas de arrendamento apoiado ou de atribuição de casas camarárias, mas não conseguem. A renda que pagam atualmente é de 450 euros.
"Há uma casa municipal na Ajuda que foi entregue a uma pessoa deficiente, tem elevador, mas está fechada e ninguém mora lá, é incompreensível ouvir que não há casas quando esta está fechada", diz Maria.
O atleta paralímpico, campeão mundial em juniores e que se prepara para lutar por novos títulos nos 100 e 200 metros tem que ficar na zona de Lisboa porque treina de manhã e de noite durante seis dias por semana. Ainda assim a sua mãe já chegou a ir a Castanheira do Ribatejo à procura de nova casa. "Em Lisboa é impossível, já tentei em Sintra e Castanheira do Ribatejo, mas os preços são demasiado altos, pedem 1200 euros por um T2, o meu filho tem que ter o próprio quarto, e em prédios sem elevadores", afirma Maria do Céu.
Reunião com a câmara
O JN entrou em contacto com a Câmara Municipal de Lisboa que referiu ter sido "sugerido à família que se candidate ao 16.º concurso do Programa Renda Acessível. Trata-se de concurso extraordinário, cujo prazo de candidaturas já se encontra a decorrer, dirigido a agregados familiares que auferem baixos rendimentos".
Ao que o JN apurou, a Câmara e a Santa Casa da Misericórdia vão reunir com esta família na próxima terça feira no sentido de encontrar uma solução.
Rafael Neto à porta da casa que vai ter de abandonar na freguesia da Ajuda