Ideia desenvolvida por João Pinharanda prevê ocupação multidisciplinar, mas só em 2011.
Construído para a Expo'98, o Pavilhão de Portugal, em Lisboa, tem tido nos últimos dez anos uma utilização errática e ocasional. Mas já há um projecto para uma ocupação definitiva do edifício, que só deve ficar pronto em 2011.
Coube a uma equipa liderada por João Pinharanda, historiador de arte e director do Museu de Arte Contemporânea de Elvas, elaborar o estudo de redefinição programática do Pavilhão de Portugal. Ao que o JN apurou, o trabalho está concluído e foi aprovado pela Parque Expo que, nos últimos tempos, o tem estado a apresentar à tutela. O primeiro-ministro já terá sido informado das intenções da empresa para o pavilhão, bem como o ministro da Cultura, o ex-ministro da Economia, o presidente do Turismo de Portugal e a vereadora da Cultura na Câmara Municipal de Lisboa, bem como o arquitecto Siza Vieira, autor do edifício.
Sem querer adiantar ao JN qual vai ser exactamente o conteúdo do novo espaço - a apresentação pública do projecto compete à Parque Expo e só deve acontecer em Setembro -, João Pinharanda explicou que será uma utilização "cultural e multidisciplinar". "Será um cruzamento de cultura, ciência e música", disse. Rolando Borges Martins, presidente da empresa, adiantou à Lusa que será um local de "mostra do talento português", dedicado à "presença dos portugueses no mundo".
O espaço - que não será um museu tradicional - vai ter um projecto permanente mas também zonas destinadas a utilizações temporárias e irá manter a valência de restaurante. O objectivo é que a nova ocupação do Pavilhão de Portugal "reflicta as várias vivências da zona", como a ciência (Pavilhão do Conhecimento e Ciência Viva), a cultura (Oceanário e Teatro Camões) e o lazer e espectáculo (Casino).
Siza Vieira, arquitecto responsável pelo projecto do pavilhão, já conhece o novo projecto e aplaude que se trate de uma ocupação pública e com um programa variado. Por diversas vezes Siza Vieira lamentou que o edifício esteja há tantos anos fechado e com utilizações esporádicas que, em seu entender, contribuem mais para a degradação do que para a manutenção do imóvel, em vias de classificação pelo IPPAR.
A decisão de avançar com uma ocupação definitiva "é a concretização de uma coisa que estava prevista desde o início", diz o arquitecto, satisfeito por ter sido finalmente encontrada uma utilização para o edifício. "Mais vale tarde do que nunca", desabafou, adiantando que vai ficar responsável pela adaptação dos interiores do pavilhão ao novo programa. A obra só deve estar concluída em 2011, ano em que o espaço deve abrir ao público, disse, ao JN, João Pinharanda.
Nos últimos anos houve várias hipóteses de ocupação faladas para o local (sede da presidência do Conselho de Ministros, Museu de Arte Moderna ou Agência dos Oceanos), todas abandonadas, bem como a ideia de compra do edifício pela Câmara de Lisboa.