Infraestrutura no centro de Lisboa "não terá utilização além do evento", disse Anacoreta Correia. Desconforto do Vaticano leva Igreja a ter atenção ao preço da obra junto ao Tejo.
O palco-altar do Parque Eduardo VII, cuja imagem foi cedida ao JN, deverá custar entre 1,5 e dois milhões de euros. O concurso internacional para a execução do segundo palco da Jornada Mundial da Juventude, bem no centro de Lisboa, será lançado nos próximos dias. Esta proposta ainda poderá sofrer alterações.
O vice-presidente da Câmara de Lisboa, Anacoreta Correia, revelou esta semana, em conferência de imprensa, que o palco do Parque Eduardo VII "está a ser ultimado" e que, ao contrário da infraestrutura do Parque Tejo, este segundo palco "não ficará para a cidade". "Não terá utilização além do evento", frisou.
O equipamento junto à rotunda do Marquês vai ser utilizado para a realização de três celebrações: a missa de abertura da JMJ, com o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, a cerimónia de acolhimento ao Papa Francisco e a Via Sacra.
Segundo o que o JN apurou, houve, sexta-feira, uma reunião na Câmara de Lisboa na qual este projeto esteve a ser discutido, assim como a possibilidade de o redesenhar após a polémica da última semana relativamente ao palco-altar do Parque Tejo.
Anacoreta Correia disse, esta semana, que os dois palcos "são realidades muito diferentes". "O terreno do Parque Eduardo VII não tem a mesma exigência que o terreno do palco do Parque Tejo. As características do local onde vai ser implementado e a área não têm rigorosamente nada que ver. Não tem semelhanças possíveis com a dimensão deste palco (do Parque Tejo) e, por isso, serão valores muito inferiores", revelou.
Já o presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, o bispo D. Américo Aguiar, admitiu que "certamente existe" algum desconforto no Vaticano relativamente ao custo do palco-altar do evento católico. "Todos ficamos magoados quando não se faz o que está certo", frisou, revelando que na próxima semana irá reunir-se com a Câmara de Lisboa para "ver o que se pode eliminar" na estrutura e tornar a obra mais barata. Para o coordenador do grupo de projeto para a JMJ, José Sá Fernandes, uma solução seria retirar a cobertura do equipamento.
Versão mais barata
Chegou a existir um primeiro projeto para o palco do Parque Tejo, estimado em 1,5 milhões de euros, "muito simples, pragmático, pouco ostensivo e alinhado com os ideais do Papa Francisco", apurou o JN. A versão original terá sido abandonada, após mudança de arquitetos, tendo "recomeçado do zero". A segunda versão também terá sido rejeitada porque "a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) quis fazer uma cobertura muito maior".
É o redimensionamento da estrutura e as fundações que encarecem o palco em mais dois milhões de euros, diz ao JN Sá Fernandes.
O bispo auxiliar de Lisboa referiu que "não faz sentido alimentar o passa-culpas". "A Santa Sé não tem absolutamente nada a ver com nenhum dos palcos nem adjudicações", referiu.
Plano de mobilidade custa 89 mil euros e fica pronto em março
O coordenador do grupo de projeto para a Jornada Mundial da Juventude, José Sá Fernandes, revelou ao JN que o plano de mobilidade e transportes da Jornada foi adjudicado à empresa VTM-Consultores em Engenharia e Planeamento e deverá estar concluído no final de março. Garante que já começou a reunir-se com a empresa, mas ainda estão numa fase muito inicial. Segundo o Portal Base, o plano foi adjudicado por ajuste direto por 89 mil euros, no final de dezembro, e a VTM tem sete meses para o preparar, mas Sá Fernandes garante que será concluído em três meses. "Os restantes serão para acompanhar e monitorizar, é essencial", justificou. O coordenador garantiu ainda que consultou "todas as empresas de mobilidade" e escolheu uma "entre as seis melhores".