Os representantes dos trabalhadores da refinaria de Matosinhos, em Leça da Palmeira, vão reunir-se nos próximos dias e "perspetivar para breve novas formas de luta", anunciou a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal) - CGTP-IN.
A Fiequimetal acusa a Galp de ter decidido encerrar a refinaria de Matosinhos para ter acesso aos "fundos comunitários com que o Governo (como já fez com a EDP) lhe acenou, a troco da liquidação dos postos de trabalho e de uma empresa estratégica para a região, para o País e para a soberania energética nacional" e não por "preocupações ambientais, nem o abrandamento económico provocado pela pandemia, nem por causa da transição energética".
A fábrica de combustíveis encerra já em março.
Nas reuniões que decorreram durante esta semana entre a administração da empresa e os trabalhadores, afirmam as várias unidades sindicais, a empresa "confirmou que a possibilidade de transformar a refinaria numa bio-refinaria foi estudada, não existindo viabilidade económica para implementar essa reconversão". A empresa "não se dignou apresentar qualquer estudo que sustente esta decisão", dizem os sindicatos, garantindo que existem "informações apontando que [essa solução] seria viável, que reduziria as emissões de dióxido de carbono em 80%, que permitiria manter o emprego e a economia da região e do País, que o investimento seria recuperado a curto-prazo (inferior a três anos), cumprindo os objetivos ambientais, aliás, como se verifica em refinarias situadas em Espanha (Cartagena) e na Itália (Veneza)".
Neste sentido, a Fiequimetal acusa a administração da empresa de ter "uma obsessão" pelo "dinheiro fácil na corrida aos fundos comunitários, à custa dos contribuintes, não apresentando nenhum projeto alternativo para o futuro da refinaria e dos seus trabalhadores, que são altamente qualificados, com média de idades abaixo dos 40 anos e vasta experiência numa das indústrias mais exigentes e escrutinadas também a nível da exigência ambiental e segurança".