Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) lideram um projeto europeu que, combinando comunicações rádio com visão computacional, visa desenvolver um conjunto de ferramentas rumo à sexta geração (6G) de comunicações móveis.
Em comunicado, o instituto do Porto refere esta sexta-feira que o projeto, intitulado CONVERGE e financiado em nove milhões de euros pela Comissão Europeia, pretende desenvolver um conjunto de ferramentas "inovadoras" para apoiar as infraestruturas de investigação.
Essas ferramentas vão ser desenvolvidas através da "intersecção das comunicações sem fios, visão computacional, sensorização e 'machine learning'".
O investigador Luís Pessoa, citado no comunicado, explica que o objetivo é "desenvolver um conjunto de ferramentas para infraestruturas de investigação que impulsionem a criação de uma nova área de investigação alinhada com o paradigma ver-para-comunicar e comunicar-para-ver".
Nos próximos três anos, os investigadores vão combinar dados gerados por sistemas de comunicações radiofrequência e câmaras de vídeo para "obter novos conjuntos de dados - 'datasets' - que serão disponibilizados de forma aberta à comunidade científica, promovendo a criação de novo conhecimento e novas descobertas".
"Os sistemas de comunicações que venham a operar em bandas de radiofrequência mais elevadas irão depender muito mais da linha-de-vista para funcionar", refere Luís Pessoa, coordenador do projeto.
As ferramentas vão fornecer à comunidade científica uma série de dados exclusivos e abertos, mas também "melhorar a competitividade" das infraestruturas de investigação e das empresas envolvidas.
Também citado no comunicado, o investigador Manuel Ricardo afirma que "uma comunidade de milhares de utilizadores" pode vir a aproveitar "os resultados do CONVERGE nos próximos 10 anos".
O desenvolvimento de novas áreas de investigação, de novas aplicações industriais capazes de combinar informações de vídeo, sensorização, rádio e tráfego de dados, e o aperfeiçoamento de competências de funcionários, estudantes e utilizadores das infraestruturas de investigação são alguns dos objetivos do projeto.
As áreas da saúde, indústria, setor automóvel, telecomunicações e serviços de distribuição de conteúdos audiovisuais são as "principais beneficiadas" com a investigação apoiada pelas ferramentas a desenvolver.
Na saúde, as ferramentas podem ajudar na "avaliação automática da postura de pacientes e do alinhamento de próteses na reabilitação física", na indústria a uma "melhor compreensão do chão de fábrica" e no setor automóvel na "melhoria na perceção do ambiente circundante do veículo, bem como as condições externas que podem afetar a condução autónoma".
Coordenado pelo instituto do Porto, o projeto CONVERGE conta com mais 15 parceiros de seis países (Portugal, Finlândia, Espanha, França, Reino Unido e Estados Unidos da América).
A par do INESC TEC, as instituições portuguesas ALLBESMART e Adapttech também integram o projeto.