O presidente da Câmara do Porto admitiu hoje que o problema da "movida" nocturna da cidade "existe" e propôs à oposição que se juntasse ao grupo de trabalho criado em Janeiro, contribuindo para encontrar soluções para o caso.
"O problema existe. Subscrevo a análise que fizeram. É um problema real", afirmou Rui Rio durante a reunião pública do executivo, depois das críticas do PS e da CDU às consequências da dinamização nocturna da Baixa no descanso dos moradores e na política habitacional para aquela zona.
O autarca esclarece que grupo de trabalho criado em Janeiro pela maioria PSD/CDS "foi, fundamentalmente, um grupo de reflexão" e pediu os contributos da oposição.
"Não conheço as ideias [que surgiram na reflexão] e não acho que possam ser infalíveis, até porque não há soluções mágicas. Pergunto aos dois [vereadores] o que acham de transformarmos o grupo de trabalho existente num grupo com a participação do PS e da CDU", observou o edil.
O objectivo da proposta seria a "troca de ideias", podendo depois o grupo de trabalho "reunir com as Juntas de Freguesia envolvidas, com os bares, as associações de bares", procurando "uma maior envolvência com as pessoas", explicou Rio.
Reconhecendo que a "movida" é um "problema", o autarca nota que é "um problema positivo", porque "seria pior se não tivéssemos animação" naquela zona.
"É um problema no âmbito de uma dinâmica positiva", comentou.
Rui Sá, da CDU, e Manuel Correia Fernandes, do PS, concordaram em incluir o grupo de trabalho que, de acordo com Rui Rio, "não poderá reunir antes de 01 de Novembro".
A proposta do autarca surgiu depois de ambos terem criticado as consequências negativas da "movida" da Baixa.
Correia Fernandes, do PS, alertou que a "movida" "levanta problemas a quem lá vive e a quem lá passa" e que, "embora a Câmara diga que a maioria dos casos são para a polícia", os socialistas consideram que "essa é uma visão parcelar do que está a acontecer".
O vereador socialista mostrou receio de que, "numa cidade onde queremos que vivam cada vez mais pessoas, elas têm cada vez menos condições para isso".
Em causa está o eventual impacto negativo da "movida" no turismo e na dinamização económica, bem como o ruído que impede o descanso dos moradores.
Rui Sá, da CDU, alertou para a mesma questão: "Em 1999, o problema da diversão nocturna era na Ribeira. Em 2001 passou para Massarelos, depois para Lordelo do Ouro, agora está concentrado na Baixa. Quando a moda mudar e a animação passar para outro lado, podemos ter aqui outro problema, que é ter a Baixa ainda mais vazia de moradores", sublinhou.
Para o comunista, "continua a não haver estratégia" relativamente à conciliação entre a animação nocturna e o descanso dos moradores e "até agora a Câmara tem tomado partido da animação em detrimento dos moradores".
A Junta de Freguesia da Vitória convocou para sexta-feira, às 21 horas, uma reunião pública para debater os problemas provocados pela "movida" naquela zona da cidade, disse à Lusa o presidente daquela entidade.
No dia 08, um grupo de moradores, comerciantes e trabalhadores da Vitória reuniu para iniciar a formalização de um movimento de contestação ao ruído e poluição da nova "movida" da cidade.
A 22 de Fevereiro, o vereador do Urbanismo da autarquia, Gonçalo Gonçalves, revelou que o grupo de trabalho criado em Janeiro para resolver os problemas da nova "movida" nocturna da baixa da cidade devia apresentar em breve um plano de actuação.