A advogada iraniana Nasrin Sotoudeh, defensora dos direitos humanos e vencedora do prémio Sakharov, detida desde meados de junho, foi condenada a 33 anos na cadeia e 148 chicotadas por um tribunal de Teerão.
Segundo a Amnistia Internacional, no total, a ativista terá de cumprir 38 anos de prisão, num acumulado de duas sentenças a que foi condenada sem a sua presença.
Nasrin foi detida em casa a 10 de junho de 2018 e esta semana foi informada, na prisão de Evin, em Teerão, que tinha sido condenada a mais 33 anos de prisão e 148 chicotadas, por "incitamento à corrupção e prostituição", "pecar por surgir em público sem o hijab" e distúrbios da ordem pública. Foi também acusada de insultar o "líder supremo" Ali Khamenei e conspiração.
O tribunal "realizou uma audiência para este julgamento em que a minha cliente não estava presente e entendemos que o tribunal a condenou à revelia", explicou Mahmoud Behzadi-Rad, um dos advogados de Nasrin Sotoudeh, à agência de notícias iraniana Irna.
Em janeiro, o marido da advogada, Reza Khandan, também foi condenado a cinco anos de prisão por "conspiração contra a segurança nacional" e a um ano por "propaganda contra o sistema".
Nasrin Sotoudeh, militante dos direitos humanos no Irão, foi distinguida em 2012 com o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, atribuído pelo Parlamento Europeu.
Sotoudeh defendeu várias mulheres detidas por retirarem nas ruas os lenços que devem cobrir-lhes o cabelo em público, em protesto contra a obrigatoriedade desta prática no Irão desde a revolução islâmica de 1979.
A advogada foi detida em meados de junho para cumprir uma pena de prisão de seis anos, após ter sido condenada à revelia por espionagem, segundo os seus advogados, que consideraram o veredicto ilegal.