Chen Guangcheng, ativista cego chinês no centro de uma polémica diplomática entre a China e os Estados Unidos, quer deixar a China no avião da secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton, que está em Pequim.
Os Estados Unidos também já confirmaram que Chen e a família querem deixar a China e admitiram que estão a debater com o dissidente diversas opções futuras.
"A minha fervorosa esperança é que seja possível, a mim e à minha família, partir para os Estados Unidos no avião de Hillary Clinton", disse Chen, em entrevista à publicação eletrónica "Daily Beast".
Enquanto a secretária de Estado Hillary Clinton está em Pequim para encontros bilaterais com a liderança chinesa, a sua porta-voz, Victoria Nuland, confirmou em declarações à imprensa que Chen e a mulher, em conversações com responsáveis norte-americanos, confirmaram que já não querem permanecer na China ao abrigo do acordo que aceitaram para o ativista abandonar a embaixada norte-americana, onde se tinha refugiado.
"O que agora é claro é que, nas últimas 12 a 15 horas, eles, enquanto família, mudaram de opinião quanto à permanência na China. Temos que falar melhor com eles, perceber melhor o que eles querem fazer e, em conjunto, estudar as suas hipóteses", disse Nuland, em Pequim.
Ao "Daily Beast", Chen disse que o que esperava ao deixar a embaixada norte-americana para dar entrada no hospital era que o embaixador dos Estados Unidos e outro diplomata ficassem com ele, mas acabaram por deixá-lo sozinho, com a família.
"Quando me levaram para o quarto do hospital, foram-se todos embora. Não sei para onde foram", afirmou, acrescentado que nem ele nem a família se sentem seguros na China e querem deixar o país.
Até agora, o Departamento de Estado norte-americano tem vindo a garantir que Chen nunca pediu asilo político e negou alegações que o ativista dos direitos humanos tenha sido pressionado para deixar a embaixada.
Chen esteve seis dias na representação diplomática dos Estados Unidos na China, depois de ter fugido à prisão domiciliária na localidade rural da província de Shandong, onde vivia, e onde as suas atividades políticas enfureceram as autoridades locais.
O ativista deixou a embaixada na quarta-feira, quando responsáveis norte-americanos disseram que existia um acordo com a China para que Chen passasse a viver noutra província.
O dissidente afirma agora que a China não está a cumprir o acordo, e que o querem fazer regressar a Shandong, província costeira no Leste da China.