O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, destacou a importância da vida social, religiosa e política do arcebispo sul-africano Desmond Tutu, que morreu este domingo aos 90 anos, classificando-o como um "herói contemporâneo" e defensor da dignidade.
"Em primeiro lugar, quero lamentar a sua morte, ocorre ao fim de uma vida longa e preenchida, mas de qualquer forma é sempre de lamentar a perda de um destes heróis contemporâneos da humanidade, defensor intransigente da dignidade de todos, independentemente da raça, nascimento, condição, religião ou convicções", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, em declarações à Lusa.
Santos Silva chamou à atenção para a importância da vida cívica, social, religiosa e política de Desmond Tutu, lembrando que este foi um combatente contra o apartheid (regime de segregação racial).
O ministro lembrou que, após as primeiras eleições livres, o arcebispo "desempenhou um papel essencial no refazer da sociedade africana, onde todos cabiam", enquanto presidente da Comissão da Verdade e da Reconciliação.
Por outro lado, o governante acrescentou que Desmond Tutu, a par de Nelson Mandela, "foi um dos que melhor percebeu que nessa sociedade sul-africana, democrática e inclusiva, que sonharam e construíram, os portugueses também cabiam".
Conforme apontou, a comunidade portuguesa na África do Sul "é bastante numerosa, muito bem integrada e influente económica e socialmente".
Também com o esforço do embaixador José Cutileiro, que morreu em maio de 2020, foi possível que os novos dirigentes compreendessem que a comunidade portuguesa "era parte integrante dessa sociedade multirracial e pluralista, que eles estavam a construir", concluiu Santos Silva.
Condolências
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português endereçou condolências aos sul-africanos, destacando o homem que "imaginou e construiu" uma África do Sul onde todos cabem e são iguais.
"Desmond Tutu foi um líder religioso e cívico que soube sempre pôr em prática a sua crença na igualdade dos seres humanos. Lutou contra o apartheid, presidiu à Comissão da Verdade e Reconciliação. Nobel da Paz, agiu em nome da paz, do pluralismo e da dignidade humana", realçou o MNE português, numa nota publicada na rede social Twitter.
With Nelson Mandela, Desmond Tutu imagined and built a South Africa where everyone fits and everyone is equal. Portugal, which has such a large community in South Africa, mourns his death and extends its condolences to all South Africans. LUSA pic.twitter.com/AGBd3v7Cpr
Desmond Tutu, arcebispo emérito sul-africano e vencedor do Prémio Nobel da Paz de 1984 pelo seu ativismo contra o regime de segregação racista do apartheid, morreu este domingo aos 90 anos.