As autoridades francesas detiveram um homem sob suspeita de estar envolvido no assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, em 2018. Tinha um nome igual, mas não era o homem que queriam.
A polícia francesa prendeu o homem no principal aeroporto de Paris na terça-feira, quando se preparava para embarcar num voo para Riade, na Arábia Saudita. Inicialmente, fontes policiais e judiciais disseram aos meios de comunicação locais que se tratava de Khalid al-Otaibi, um homem procurado por fazer parte do esquadrão que executou o assassinato de Khashoggi no consulado saudita em Istambul.
Porém, o homem tinha apenas um nome igual ao do suspeito. A embaixada saudita em Paris emitiu um comunicado na noite de terça-feira, que alegava que o homem preso "não tinha nada que ver com o caso em questão" e que exigia a sua libertação imediata.
O pedido foi aceite na quarta-feira. "Verificações aprofundadas para determinar a identidade desta pessoa permitiram-nos estabelecer que o mandado não lhe era aplicável", disse o procurador-chefe em Paris, Remy Heitz, num comunicado que admitia o erro. "Foi libertado".
O saudita preso contou a uma emissora local que se sentiu "num zoológico" durante a sua detenção. "Tentei dormir a noite toda, mas não consegui porque o lugar era desconfortável", disse Khalid al-Otaibi. "Olhavam para mim como se estivesse num zoológico."
Uma fonte de segurança na Arábia Saudita afirmou que Khalid al-Otaibi era um nome muito comum no reino e que o al-Otaibi que os franceses pensavam estar a deter estava, na verdade, a cumprir uma pena na Arábia Saudita.
A morte de Jamal Khashoggi
O assassinato de Jamal Khashoggi gerou indignação internacional. Agências de inteligência ocidentais acusam o governante do reino, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, de autorizar o assassinato.
No dia 2 de outubro de 2018, Khashoggi - um saudita proeminente que viveu em autoexílio nos EUA - entrou no consulado saudita em Istambul para preencher a papelada para se casar com a noiva turca. De acordo com as autoridades judiciais da Turquia, o jornalista de 59 anos foi estrangulado, tendo os assassinos esquartejado o cadáver. Os restos mortais de Khashoggi nunca foram encontrados.
A Turquia emitiu um Aviso Vermelho da Interpol - que equivale a um mandado de prisão internacional - para 26 pessoas pelo assassinato do ex-colaborador do "The Washington Post". Os EUA também anunciaram sanções aos alegados assassinos.