Os holandeses castigaram nas eleições municipais os partidos da coligação governamental, que aplicaram medidas de austeridade impopulares, segundo os resultados definitivos divulgadosesta quinta-feira.
Desiludidos com os liberais do primeiro-ministro, Mark Rutte, e os seus parceiros trabalhistas, partido do ministro das Finanças, Jeroen Dijsselbloem, os eleitores voltaram-se para o partido centrista pró-europeu D66 e para uma multitude de pequenos partidos locais.
Os trabalhistas do PVdA viram a sua influência tradicional diminuir nas três maiores cidades da Holanda: Amesterdão, Roterdão e Haia.
"O PVdA perdeu o contacto com a sua base e não tinha as pessoas certas nos locais certos", disse o antigo "homem forte" do PVdA Rob Oudkerk à televisão pública NOS.
Os trabalhistas formaram uma coligação com os liberais depois das eleições de setembro de 2012 e são regularmente acusados pelos militantes de terem abandonado os seus princípios de esquerda a favor dos liberais.
O partido deixou de ser o maior grupo político em Amesterdão e, pela primeira vez em mais de 60 anos, o D66 assumiu a liderança.
O dirigente dos trabalhistas na capital holandesa, Pieter Hilhorst, anunciou a sua demissão, depois de o partido ter perdido mais de 10 por cento dos votos.
Os liberais também perderam influência, passando de 15,5 por cento para 12,4 por cento em todo o país.
O partido do populista Geert Wilders, o Partido para a Liberdade (PVV), eurocético e anti-imigração, apresentou listas nas cidades de Almere (a leste de Amesterdão) e em Haia, tendo ficado em primeiro lugar e em segundo, respetivamente.
A associação que junta o maior número de marroquinos na Holanda disse hoje que ia apresentar queixa contra Wilders, depois de o dirigente de extrema-direita ter perguntado num comício aos seus partidários se queriam menos marroquinos no país. "Menos, menos", gritaram os participantes do comício, ao que Wilders respondeu: "vamos tratar disso".
O partido D66, por seu turno, congratulou-se com a sua vitória.
"Vamos festejar isto e, depois, ao trabalho", declarou o líder do partido, Alexander Pechtold, citado pela agência noticiosa holandesa ANP.
Segundo a ANP, a participação nas eleições foi "historicamente baixa", rondando os 53 por cento, menos um ponto percentual que nas anteriores eleições municipais.