Israel aprovou a construção de quase 100 habitações num bairro de colonos em Jerusalém Leste, um projeto suspenso em 2010 depois da oposição manifestada pelo então vice-presidente norte-americano Joe Biden.
A organização não-governamental israelita Paz Agora indicou à agência France-Press que a comissão de planificação da câmara de Jerusalém aprovou na terça-feira a construção de 96 habitações em Ramat Shlomo.
Em março de 2010, Israel anunciou a intenção de construir 1.600 habitações naquele bairro situado na parte palestiniana de Jerusalém, ocupada e anexada pelo Estado hebreu.
O anúncio foi feito durante uma visita a Israel de Joe Biden, que reagiu vivamente contra o projeto, tendo sido depois suspenso.
Este episódio gelou durante alguns meses as relações entre o governo de Benjamin Netanyahu e a administração do antigo presidente norte-americano Barack Obama.
Esta quinta-feira, a rádio pública israelita indicou, citando fontes municipais, que a decisão não estava ligada à vitória de Biden nas eleições nos Estados Unidos.
Contactada pela AFP, a câmara ainda não comentou.
O diário israelita de esquerda "Haaretz" viu na decisão uma intenção de acelerar a colonização enquanto o presidente cessante, Donald Trump, ferrenho defensor de Israel, ainda se encontra na Casa Branca.
"Quando a administração mudar em Washington, a câmara (de Jerusalém) e a Autoridade das terras esperam um congelamento da colonização", segundo o jornal.
A colonização israelita aumentou significativamente durante o mandato de Trump. Mais de 600 mil israelitas vivem em colonatos, considerados ilegais pela lei internacional, na Cisjordânia e em Jerusalém Leste.
Cerca de três milhões de palestinianos habitam naqueles territórios ocupados por Israel desde 1967.
"Depois de ter prejudicado as relações com Biden e os Estados Unidos em 2010 (...), podia pensar-se que o primeiro-ministro tentaria pelo menos não lembrar o futuro governo Biden deste período", disse o porta-voz da Paz Agora, Brian Reeves, à AFP.
"Aprovar habitações no mesmo local, pouco antes de Biden assumir o cargo, é ao mesmo tempo contrário aos interesses de Israel e imprudentemente provocante em relação a Biden", adiantou.