O líder líbio Muammar Kadafi alertou para a possibilidade da imigração de "milhares de pessoas" da Líbia para a Europa perante a situação no seu país, disse numa entrevista publicada este domingo no Le Journal du Dimanche.
"Se ameaçarmos, se desestabilizarmos, vamos gerar a confusão, atrair o Bin Laden e grupos armados (...) Milhares de pessoas irão invadir a Europa a partir da Líbia. E não haverá ninguém que os consiga impedir", disse Kadafi, citado pela agência France Presse.
Para o líder líbio, a contestação sem precedentes de que o seu regime está a ser alvo desde 15 de Fevereiro não é mais do que um "complot" da Al-Qaeda, negando qualquer associação a reivindicações pró-democracia.
"Bin Laden irá instalar-se na África do Norte (...) Terão o Bin Laden às vossas portas", afirmou Kadafi ao alertar que "haverá uma jihad islâmica no Mediterrâneo".
"Eles vão atacar a 6.ª frota dos Estados Unidos, haverá actos de pirataria às vossas portas, a 50 quilómetros da vossa fronteira. Esta será verdadeiramente uma crise mundial e um desastre para todos. (...) Eu não vou permitir", sublinhou o líder líbio.
Em defesa da sua tese de que a actual contestação na Líbia não é mais do que um "complot" da Al-Qaeda contra o seu regime, o líder líbio disse ter tido conhecimento, através dos seus serviços secretos, de que os "aliados da Al-Qaeda já contactaram Dako Amirov, que é o líder da Jihad na Rússia".
"Sabemos que esses contactos existem e que decorrem discussões sobre quem os irá ajudar na Líbia", acrescentou. A rebelião já controla grande parte da Líbia, especialmente as regiões orientais. Kadafi, no poder desde 1969, mantém o controlo sobre a capital e sobre as cidades de Sirte (noroeste) e Saba (sudoeste).