A gravação de uma conversa telefónica da secretária de Estado adjunta dos EUA para a Europa, disponibilizada no YouTube, está a criar polémica. Victoria Nuland diz que a ONU pode ter um papel importante na resolução da crise na Ucrânia e "a UE que se f...". São palavras "inaceitáveis", já criticou a chanceler alemã, Angela Merkel.
A chanceler alemã, Angela Merkel, considerou "absolutamente inaceitáveis" as declarações da subsecretária de Estado norte-americana Victoria Nuland sobre a União Europeia (UE) em relação à crise na Ucrânia.
Victoria Nuland, que está em Kiev, afirmou numa conversa telefónica, cuja gravação foi colocada na quinta-feira no YoutTube, que a ONU pode ter um papel importante na resolução da crise na Ucrânia e "a UE que se f...". O interlocutor da subsecretária de Estado norte-americana não é identificado na conversa, de cerca de quatro minutos, mas é provavelmente o embaixador norte-americano em Kiev, Geoffrey Pyatt.
"A chanceler considera essas declarações absolutamente inaceitáveis. A chanceler quer reforçar mais uma vez que (a chefe da diplomacia europeia Catherine) Ashton está a fazer um excelente trabalho", disse a porta-voz adjunta do governo alemão, Christiane Wirtz.
A porta-voz alemã acrescentou que "a UE vai continuar a desenvolver intensos esforços para acalmar a situação na Ucrânia".
Victoria Nuland apresentou as suas desculpas, ainda na quinta-feira, mas numa conferência de imprensa, esta sexta-feira, em Kiev, recusou fazer qualquer comentário, sublinhando que se tratou de uma "conversa diplomática privada" registada de forma "impressionante".
A União Europeia, por seu lado, recusou comentar o assunto. "Não comentamos alegadas conversas telefónicas", disse uma porta-voz de Catherine Ashton, acrescentando que a UE "está empenhada em ajudar o povo da Ucrânia na atual crise".
A conversa telefónica, que parece ter sido gravada sem o conhecimento dos protagonistas, não é datada nem foi autenticada.
A porta-voz do Departamento de Estado, Jennifer Psaki, não desmentiu a chamada telefónica, mas recusou dizer mais sobre "uma conversa diplomática privada".
"Nós trabalhamos de uma forma particularmente estreita com a UE e os seus representantes e foi o que fez a secretária de Estado adjunta no caso da Ucrânia", declarou a porta-voz.
Psaki garantiu que não tem "detalhes de fonte independente sobre a origem do vídeo do YouTube", mas destacou a publicidade feita pelas autoridades russas a este assunto, ao divulgar o som na rede social Twitter.
A porta-voz do Departamento de Estado sugeriu mesmo que a gravação e a difusão da chamada telefónica poderiam ser obra da Rússia e dos seus serviços de informação.