Uma mulher está em coma desde 2010 por causa de um erro dos médicos que a operaram, em Espanha. A paciente tinha sido encaminhada para outro hospital devido à lista de espera da unidade de saúde onde estava previsto o procedimento.
Margarita Espallardo, espanhola de 52 anos, de Cartagena, Múrcia, está em estado vegetativo há quase uma década devido aos danos cerebrais sofridos num procedimento cirúrgico. As lesões ocorreram na sequência de complicações com a intubação (introdução de um tubo na traqueia), que deixou a paciente quase sem oxigénio por mais de 15 minutos.
Segundo o jornal espanhol "El País", a responsabilidade do caso recai agora sobre dois médicos que atenderam Margarita no hospital para o qual foi desviada para avançar para a sala de cirurgia. A acusação afirma que os especialistas ignoraram o alerta do relatório pré-operatório, que indicava que Espallardo já havia sofrido problemas de intubação numa cirurgia anterior.
A decisão do tribunal concede à mulher e à sua família uma compensação de 1,62 milhões de euros após, com o apoio jurídico oferecido pela Associação de Vítimas de Negligência Médica.
"Foi o médico que a operou que propôs a mudança", lembrou José Andrés Torres, cunhado de Espallardo, ao "El País". "Ele disse que ela seria operada muito antes. Margarita não estava a sentir-se bem e já esperava há mais de quatro meses, então aceitou. Arrependemo-nos todos os dias, especialmente as crianças, que com apenas 10 e 12 anos ficaram sem mãe", acrescentou.
Os médicos descobriram alguns nódulos - que eram afinal benignos - na tiroide de Margarita e em janeiro de 2010 indicaram a sua remoção, de acordo com os relatórios médicos consultados. Depois de ser encaminhada para o hospital, a mulher recebeu a visita do serviço de anestesiologia, cujo relatório refere "complicações anestésicas: dificuldade de intubação". O termo de consentimento informado inclui uma mensagem similar: "possível traqueostomia de intubação difícil de emergência".
O advogado da família Espallardo, Rafael Martín Bueno, explica que "o perigo nesses casos é que, após a anestesia, os médicos não consigam intubar o paciente, uma vez que este não consegue respirar sozinho". "Portanto, a medicina fornece várias medidas cautelares alternativas, nenhuma das quais foi adotada nesta situação", lamentou.
No dia seguinte à operação, Margarita foi transferida para o hospital de origem. Quando os fármacos perderam o efeito, os médicos viram-na a abrir os olhos, mas "sem ver ou responder a estímulos externos". Desde então, a mulher não recuperou nenhuma das funções vitais e vive confinada a uma cama de residência em Cartagena.