Governo de união em Israel tomou posse, aprovado pelo parlamento.
"Eis a verdade: estes territórios estão onde o povo judaico nasceu e desenvolveu-se. Está na hora de aplicar a lei israelita e de escrever um novo capítulo glorioso na história do sionismo". Ficou claramente definida a prioridade do novo Governo israelita, na tomada de posse adiada de quinta-feira para este domingo, no parlamento. Pensado para criar a unidade necessária para enfrentar a pandemia de coronavírus ao fim de 14 meses de crise política, o Governo de união acabou por só ficar, assim, efetivo passada a crise sanitária...
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de direita radical reconduzido mas agora em partilha de poder com o ex-rival centrista Benny Gantz, verbalizou-a, ignorando os avisos ouvidos desde que o secretário de Estado dos EUA passou por Jerusalém, na quarta-feira, para reforçar a ideia, contida no "plano de paz" de Washington, rejeitado internacionalmente e cuja implementação o programa do novo Governo fixa para 1 de julho.
"Escapar" à justiça
"A verdade - e todos o sabem - é que as centenas de milhares de residentes da Judeia e Samaria ficarão sempre no seu lar, seja qual for o acordo de paz encontrado no final". Judeia e Samaria é como Israel designa a Cisjordânia, onde vivem hoje mais de 450 mil colonos judeus em território ocupado. Que é como quem diz, com este plano ou nenhum, o facto consumado é a anexação, que "não afastará" israelitas e palestinianos da paz, antes "aproximá-los-á". Diz Netanyahu. A Jordânia, com a qual Israel tem um acordo de paz, já avisou que nada continuará como está - e os jordanos têm jurisdição sobre a Esplanada das Mesquitas, área mais disputada de Jerusalém.
Gantz, do seu lado, é desde agora ministro dos Negócios Estrangeiros e "primeiro-ministro substituto". Dentro de 18 meses, troca de papel com Netanyahu, que fica primeiro-ministro substituto e escapa à demissão por força do processo por corrupção que arranca dia 24. Porque Israel permite que um primeiro-ministro indiciado se mantenha em funções, o que já não acontece com um vulgar ministro...