Pelo menos 504 pessoas foram executadas este ano no Irão, de acordo com a organização não-governamental Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega. Em comparação com o período homólogo, foram mais 171 os condenados à morte e o ano ainda nem terminou.
Pelo menos seis pessoas foram já condenadas à morte pela participação nos protestos que se registam no país desde o dia 16 de setembro, após a morte da jovem Mahsa Amini por não usar corretamente o véu islâmico. Os seis manifestantes foram acusados de "guerra contra deus" assim como de terem "corrompido a terra", conceitos que se englobam nos delitos contra o Islão e a segurança pública do Irão.
O número de execuções cresce à medida que aumenta a preocupação com o facto de as autoridades iranianas recorrerem à pena de morte para reprimir a revolta popular. Pelo menos 21 pessoas podem ainda vir a ser condenadas à morte pela participação nos motins.
As autoridades judiciais acusaram ainda mais de duas mil pessoas de diversos crimes pela participação nos protestos contra a manutenção da República Islâmica.
"Estes indivíduos foram condenados à morte sem o devido processo ou julgamento justo no Tribunal Revolucionário", disse o diretor da IHR, Mahmood Amiry-Moghaddam, numa declaração à agência France-Presse. "As sentenças não tinham validade legal".
"Estas execuções destinam-se a criar o medo da sociedade e a desviar a atenção pública das falhas da República Islâmica", acrescentou. No final de novembro, a Amnistia Internacional alertou também para os julgamentos "simulados" que servem para "intimidar" os participantes dos motins populares que abalam o Irão desde setembro e "impedir que outros se juntem ao movimento".
Os grupos de direitos humanos mostram-se ainda alarmados com o número de mulheres executadas pelo regime de Teerão, normalmente acusadas de assassinar os companheiros ou familiares devido a relações abusivas.
De acordo com os dados da IHR, ONG sediada na Noruega, pelo menos 504 pessoas foram executadas até agora no Irão, mais 66% do que em 2021, quando 333 pessoas foram condenadas à morte. No entanto, a Amnistia Internacional conseguiu confirmar apenas 314 execuções.
Desde 2017 que o número de execuções no país não era tão elevado.