A economia angolana deverá crescer em 2013 apenas 5,1%, menos que os 7,1% previstos, anunciou esta terça-feira em Luanda o presidente José Eduardo dos Santos, no discurso sobre o Estado da Nação.
O reajustamento foi justificado com a evolução recente da economia mundial.
"Angola está integrada na economia internacional e sofre os efeitos dos seus constrangimentos", considerou José Eduardo dos Santos, recordando que a evolução recente da economia mundial foi marcada pela revisão em baixa das perspetivas do seu crescimento.
"No plano interno, a nossa economia foi afetada pela severa estiagem ocorrida ao longo de todo o ano de 2012 em 14 das 18 províncias do país. Como consequência da seca, a produção da energia hidroelétrica evoluiu a um ritmo de 10,4%, muito inferior ao previsto, que era de 23,9%", destacou.
O presidente angolano referiu-se ainda ao setor petrolífero nacional, cujo crescimento ficou "muito abaixo das estimativas que apontavam para 17,7%", fixando-se apenas em 5,6%.
Esta quebra está na base da remodelação governamental que ditou a saída dos ministros Carlos Lopes, das Finanças, e de Fernando Fonseca, da Construção, revelou.
Mais à frente, José Eduardo dos Santos destacou o controlo que tem vindo a ser alcançado sobre a inflação, que continua a ser apenas de um dígito, e a estabilidade nas taxas de juros.
"As taxas de juro mantiveram-se estáveis. Embora as taxas de juro ativas permaneçam demasiado elevadas, convém assinalar que a moeda nacional se manteve estável e assim se espera que continue, com a plena aplicação do novo regime cambial para o setor petrolífero e dos novos procedimentos para a realização de operações cambiais de invisíveis correntes", explicou.
Relativamente a outros parâmetros da economia, o presidente angolano revelou que as Reservas Internacionais Líquidas, em outubro, se situaram nos 33,4 mil milhões de dólares, um crescimento de 9,3% em relação ao final do ano passado.
"De facto, o grande objetivo da política económica para a presente legislatura consiste na promoção da diversificação da nossa economia, por forma a tornar o nosso processo de desenvolvimento menos vulnerável e mais sustentável", explicou.
Este discurso de José Eduardo dos Santos representou o regresso a uma prática anual, regulada pela Constituição, mas que o chefe de Estado angolano optou, unilateralmente, por não fazer em 2012.
Alegou então, em carta enviada ao presidente do parlamento, Fernando Piedade Dias dos Santos, que o discurso que iria fazer seria basicamente o mesmo que o da sua tomada de posse, a 26 de setembro de 2012.
A cerimónia desta terça-feira teve, todavia, uma originalidade, com todas as bancadas da oposição, União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), Partido da Renovação Social (PRS) e Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) a levantarem cartazes de protesto.
Os cartazes, contra a censura e a exclusão, foram levantados no intervalo entre a intervenção de Fernando Piedade Dias dos Santos e a de José Eduardo dos Santos.