Renato Silva, de 26 anos, conduzia o carro que o marroquino Redouane Lakdim roubou durante o ataque em França, na sexta-feira. Está em coma induzido com bala alojada na cabeça.
No último dia do estágio de hotelaria que estava a realizar numa escola, Renato Silva, natural da região de Coimbra, "estava no lugar errado na hora errada".
"Tinha comprado um carro usado há cerca de dois meses e ia, com um colega de estágio, comprar pão para o lanche de final de curso que iam organizar", disse ao JN um amigo da família.
O automóvel que conduzia foi roubado por Redouane Lakdim, que, ao que tudo indica, terá aproveitado uma breve paragem no trânsito junto ao castelo de Carcassonne para entrar na viatura, alvejando o estagiário português na cabeça e disparando mortalmente contra o passageiro, um jovem francês. Seguiu depois para o supermercado U, em Trèbles.
Renato foi atirado para a berma da estrada e ainda telefonou à mãe, que de início não acreditou que o filho tinha sido baleado, dada a boa disposição que é característica do filho. Só quando ele lhe mostrou a cabeça ensanguentada percebeu que algo grave se passava.
Renato Silva está hospitalizado em Perpignan - tem uma bala alojada na cabeça e o prognóstico é reservado.
Filho único, o pai, trabalhador da construção civil, e a mãe, doméstica, estavam em França há dezenas de anos. O rapaz ficou em Coimbra, a estudar. Solteiro, sem trabalho em Portugal, juntou-se aos pais em Carcassonne, onde continuou os estudos.
O secretário de Estado das Comunidades José Luís Carneiro está em França a acompanhar a situação, e já reuniu, este sábado de manhã, com a família do português ferido.
Em declarações aos jornalistas, José Luís Carneiro adiantou que a vítima está numa unidade de neurocirurgia em coma induzido, devendo assim permanecer durante alguns dias, enquanto são realizados exames e avaliações médicas.
Isto porque a bala está alojada numa zona do cérebro que não permite extração imediata, pelo menos, segundo as informações que foram transmitidas pelos responsáveis hospitalares.
O governante adiantou que está a ser dado à família apoio psicológico, de alimentação e alojamento. Além disso, os serviços consulares estão também a tratar da documentação da família, uma vez que só o pai do jovem estava inscrito nos serviços consulares por residir há mais tempo em França. O jovem está a viver no país há cerca de dois anos.
Na sexta-feira, "erros na comunicação entre as entidades envolvidas na gestão da crise no local" levaram a que fosse divulgada a informação errada de que o cidadão português tinha morrido.