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Possível falência da Evergrande será limitada na zona euro

Possível falência da Evergrande será limitada na zona euro

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, relativizou hoje o impacto que uma possível falência do ultraendividado gigante imobiliário chinês Evergrande poderá ter para a zona euro.

"Tenho memórias vivas dos últimos desenvolvimentos do mercado de ações na China, que tiveram um impacto em todo o mundo", mas "na Europa e na área do euro em particular, a exposição direta seria limitada", disse a responsável, em entrevista à CNBC.

"No momento, o que estamos a ver é um impacto e uma exposição centrados na China", acrescentou Lagarde, enquanto o BCE observa a situação de perto, dada a ligação dos mercados financeiros no planeta.

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O gigante imobiliário privado está afogado em dívidas de 260 mil milhões de euros. Uma falha de pagamento poderia resultar numa forte desaceleração nos setores de construção na China e causar turbulência nos mercados mundiais.

Considerado entre as maiores fortunas da China, o presidente do grupo, Xu Jiayin, sublinhou na quarta-feira à noite que o grupo deve "fazer todo o possível para honrar" os seus compromissos.

Questionada também sobre o risco de inflação persistente na zona euro, que em agosto ultrapassou a meta de 2% estabelecida pelo BCE a médio prazo, Lagarde disse esperar "um retorno a mais estabilidade no próximo ano", justificando que "muitas das causas do aumento de preços são temporárias".

"Tem muito que ver com os preços da energia", disse a responsável, sendo que o outro principal efeito temporário é o aumento do IVA na Alemanha, após o corte de três pontos aplicada à segunda metade do ano de 2020 para apoiar o consumo no contexto da pandemia.

BlackRock, HSBC e UBS são dos que mais investiram na dívida da Evergrande

As instituições financeiras Blackrock, HSBC e UBS são das que mais têm obrigações do conglomerado chinês do imobiliário Evergrande, divulgou quinta-feira a empresa de informação e análise para investimento Morningstar.

Depois de analisar as exposições à Evergrande pelos seis maiores fundos de obrigações de alto rendimento na Ásia, a Morningstar assinalou que aquelas três instituições estiveram a "acumular" dívida da Evergrande nos últimos meses.

A Blackrock, a maior sociedade gestora de investimentos do mundo, investiu 31,3 milhões de dólares (26,7 milhões de euros) na Evergrande entre janeiro e agosto deste ano, mas o seu impacto é reduzido, pela presença escassa nos ativos desta gestora de investimentos, cujo valor ronda os 10 biliões (milhão de milhões) de dólares.

O fundo de obrigações de alto rendimento da Ásia do HSBC aumentou em 40% a sua posição na Evergrande entre janeiro e julho, último mês sobre o qual a Morningstar tem elementos, altura em que o conglomerado chinês valia 1,22% da carteira de investimentos.

Sobre a UBS, apenas se sabe que elevou a sua aposta na Evergrande em 25% até maio.

Ao contrário, as outras detentoras de obrigações da Evergrande - Fidelity, PIMCO e Allianz - alienaram quantidades elevadas de títulos entre janeiro e julho, contribuindo para a tendência descendente na exposição ao promotor imobiliário.

A Evergrande tem pela frente o vencimento de obrigações no montante de 37 mil milhões de dólares antes do final do primeiro semestre de 2022, uma pequena parte do seu passivo total, que ronda os 300 mil milhões de dólares.

O The Wall Street Journal noticiou, esta sexta-feira, que o governo chinês parece estar sem vontade de resgatar a empresa e está a pedir às autoridades locais do país que se preparem para "uma possível tormenta".

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