O presidente do parlamento da Catalunha, Roger Torrent, o líder da Esquerda Republicana da Catalunha, que está na prisão, Oriol Junqueras, e o ex-presidente do governo regional, Carles Puigdemont, apelaram esta quarta-feira ao fim da violência e a uma mobilização pacífica.
"Este país é fruto das lutas sociais, custou muito a construir e juntar. Precisamos de uma república e precisamos de todos e de todas. É preciso mobilização, mas sem violência", escreveu Oriol Junqueras nas redes sociais.
Também o presidente do parlamento catalão rejeitou o uso de violência nas manifestações contra a condenação à prisão dos principais líderes independentistas, anunciada pelo Supremo Tribunal de Espanha na segunda-feira.
"Há coisas que não nos representam", afirmou, acrescentando que "qualquer comportamento violento deve ser isolado".
"Não podemos permitir abusos e agressões policiais (...), mas devemos também proteger a natureza cívica e pacífica das mobilizações", defendeu Roger Torrent.
A mesma linha de pensamento foi usada por Puigdemont, que, numa declaração divulgada no Twitter, questionou os objetivos dos "incendiários".
"Eles nunca estiveram entre nós", disse, lembrando que os independentistas "derrotaram o Estado sem pedras, sem fogo e sem destruição" e defendendo ser preciso "serenidade e manifestações pacíficas".
Segundo o jornal espanhol ABC, a polícia regional da Catalunha (Mossos d'Esquadra) deteve, hoje à noite, 30 pessoas em Tarragona, na Catalunha, no âmbito de incidentes causados pelos distúrbios entre a polícia e cerca de 2.000 manifestantes.
Várias cidades da Catalunha registam cenários de batalha campal nas principais ruas, pela segunda vez consecutiva esta semana, com levantamento de barricadas, carros incendiados e lançamento de 'cocktail molotov'.
Com a Catalunha a viver o terceiro dia de protestos, o primeiro-ministro espanhol em funções, Pedro Sanchéz, chamou hoje os principais líderes da oposição para lhes garantir que irá agir "com moderação e firmeza" perante os episódios de violência, mas que não descarta nenhum cenário.
Em declarações na sede do Governo, na Moncloa, Madrid, após reunir-se com os líderes do PP, Cidadãos e Podemos, o primeiro-ministro alertou o presidente do governo regional catalão, Quim Torra, que nenhum governante "pode esconder o seu fracasso com cortinas de fumaça e fogo" e exigiu que Torra condene "sem desculpas ou paliativos" o uso da violência na Catalunha.
Na segunda-feira, o Supremo Tribunal espanhol condenou os principais dirigentes políticos envolvidos na tentativa de independência da Catalunha a penas que vão até um máximo de 13 anos de prisão, desencadeando movimentos de protesto de grupos de independentistas em todo o território da comunidade autónoma espanhola mais rica.
Barcelona tornou-se, na noite de terça-feira, cenário de uma batalha campal entre polícias e manifestantes, que construíram barricadas, queimaram mobiliário urbano e pneus, fizeram fogueiras e atiraram pedras e petardos contra os polícias.
Os confrontos violentos de terça-feira resultaram em 125 feridos, tendo 18 deles dado entrada em hospitais, nenhum deles com gravidade.
Esta quarta-feira há registo de pelo menos 41 pessoas feridas durante os protestos e manifestações, segundo o Sistema de Emergência Médico (SEM).