A Rússia classificou, esta sexta-feira, oito novas personalidades anti-Putin como "agentes estrangeiros", incluindo dois aliados exilados do opositor Alexei Navalny e um "rapper" popular, de acordo com o Ministério da Justiça russo.
A lista de "agentes estrangeiros" do Kremlin abrange agora mais de 160 meios de comunicação e cidadãos.
Os "agentes estrangeiros" estão sujeitos a várias restrições e procedimentos fastidiosos, sob a ameaça de sanções pesadas. Em particular, devem indicar esse estatuto em todas as suas publicações.
Entre os novos nomes, surgem os de Vladimir Milov e Lioubov Sobol, dois aliados exilados do opositor russo Alexei Navalny, preso desde janeiro de 2021 e condenado no final de março a nove anos de prisão por "fraude".
O popular "rapper" Alicher Morgenshtern, de 24 anos, também se juntou à lista de "agentes estrangeiros".
Em outubro de 2021, o músico provocou indignação entre os veteranos russos depois de dizer numa entrevista transmitida no YouTube que "não entendia" por que o Dia da Vitória era comemorado na Rússia em 09 de maio.
A Comissão de Investigação disse estar a investigar essas observações para estabelecer se constituem "uma violação da lei russa" sobre "insulto público à memória dos defensores da pária" e a "reabilitação do nazismo".
O 'rapper', por seu lado, pediu desculpas no Instagram, acusando a imprensa de ter "distorcido" os seus comentários.
Dois cientistas russos, Boris Kagarlitski e Leonid Gozman, também foram colocados na lista.
Desde o início do conflito russo-ucraniano, em 24 de fevereiro, dezenas de membros da elite intelectual e jornalistas russos abandonaram o país, enquanto Kremlin intensifica a sua pressão contra os últimos órgãos de comunicação social e vozes críticas.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.