O Senado dos Estados Unidos iniciou esta quinta-feira o julgamento político do Presidente Donald Trump, com os Democratas a lerem as acusações de abuso de poder e de obstrução ao Congresso, no terceiro julgamento de 'impeachment' na história dos EUA.
O presidente do Comité de Inteligência da Câmara de Representantes, Adam Schiff, que será o principal promotor do julgamento político, foi escolhido para a leitura dos dois artigos para a destituição.
São sete os Democratas que servem de procuradores, com os 100 senadores a servir de júri, num julgamento liderado pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça, John Roberts, a quem a Constituição confia a tarefa de conduzir os trabalhos.
A abertura oficial do julgamento político, na verdade, apenas acontecerá na terça-feira, já depois de os senadores terem prestado juramento, prometendo "avaliar de forma imparcial" as acusações contra o Presidente.
Contudo, tal como aconteceu nos outros dois processos de 'impeachment', a disciplina partidária deverá imperar e os Republicanos já avisaram que estarão unidos na sua maioria (53 contra 47) para rejeitar os artigos para destituição redigidos pelos Democratas, impedindo uma aprovação com 2/3 de votos que conduziria à demissão de Donald Trump.
O primeiro artigo acusa Trump de abuso de poder, considerando que, "usando os seus poderes, o Presidente solicitou a interferência de um Governo estrangeiro, a Ucrânia, nas eleições presidenciais de 2020", referindo-se ao pedido para que o Presidente Volodymyr Zelenskiy investigasse a atividade da família Biden junto de uma empresa ucraniana.
O segundo artigo, acusa Trump de obstrução ao Congresso, considerando que "sem motivo ou desculpa legal, o Presidente ordenou que agências, departamentos e funcionários do braço executivo não cumprissem as requisições do Congresso", referindo-se ao impedimento de depoimentos de testemunhas e entrega de documentos relevantes para o processo.
"Dessa forma, ele interpôs os poderes da Presidência contra intimações legais da Câmara dos Deputados e assumiu para si funções e julgamentos necessários para o exercício do 'poder exclusivo de acusação' concedido pela Constituição à Câmara de Representantes", diz o texto da acusação, lido esta quinta-feira no Senado.
Estes artigos foram aprovados pela Câmara de Representantes, em 18 de dezembro, mas Donald Trump e os Republicanos consideram que eles não têm base de sustentação legal para destituir o Presidente.
Trump tem repetido que o processo é uma "caça às bruxas" com o objetivo de fragilizar politicamente a sua campanha de reeleição nas eleições presidenciais de novembro próximo.