O sonho de Germano realizou-se e há uma exposição sobre tradição são joanina na UP

02 junho, 2023 às 21:14
Pedro Granadeiro / Global Imagens

É quase um século: são 94 anos de história e 95 edições do Concurso das Quadras de São João do "Jornal de Notícias" - o mais antigo da imprensa portuguesa - que podem ser revisitados desde esta sexta-feira, dia de aniversário do JN, na Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto, palco de uma mostra dedicada à iniciativa e às tradições são joaninas. A exposição conta com várias peças do acervo pessoal de Germano Silva, que há vários anos dinamiza o concurso. O historiador do Porto tem a cargo, a par de Pedro Olavo Simões, outro jornalista da casa, a curadoria da mostra, que fica patente até 1 de julho, com entrada livre.

Amante de cascatas de S. João "desde miúdo", quando as "montava na ilha do Cruzinho, onde vivia", Germano Silva, que é o terceiro responsável pelo concurso desde que este foi criado, em 1929, já idealizara a exposição há anos. "É uma coisa que queria fazer há muito, mas veio a pandemia e não fiz", contou, ao JN. Passada a tormenta pandémica, o desejo concretizou-se, e o resultado materializou-se na mostra que "enquadra o concurso de quadras com a tradição são joanina e com os elementos que a representam", como explicou Pedro Olavo Simões.

"No ano passado chegaram mais de cinco mil quadras de todas as partes do Mundo, da Nova Zelândia e do Canadá - temos portugueses em todo o Mundo", congratulou-se Germano Silva, "orgulhoso" por a iniciativa "ter crescido imenso e ter uma adesão muito grande". "Qualquer assunto é tema para elaborar quadras, desde que cumpram a métrica e a temática são joanina", desafiou Pedro Olavo Simões.

Ao longo de um mês, na Casa Comum viaja-se até às origens e tradições da festa são joanina, através de vários objetos que remetem para a noite mais longa do Porto e que vão desde o figurado em cerâmica a diversas publicações e documentos, passando pelas ervas aromáticas, pelos tradicionais balões, pelos martelinhos de plástico, que destronaram o velho alho-porro, e pelo incontornável manjerico. Grande parte do figurado, incluindo peças do século XVIII, pertence à coleção de Germano. "Foram-me oferecidos por um santeiro de Avintes que os faz à mão", revelou o jornalista.

A viver em Vila Nova de Gaia, Maria Dias fez questão de marcar presença na inauguração da mostra, de onde saiu deliciada com as pequenas figuras em barro. "Gostei imenso. Achei a cascata muito interessante, e também achei muito interessante elucidar as pessoas sobre a história de S. João", confessou.

A mostra é produzida pela Universidade do Porto, com o apoio da Metro do Porto e do Rancho Folclórico do Porto, que atuará em vários momentos, no âmbito de um programa de atividades. Deste, destacam-se dois debates, nos dias 9 ("Do profano ao religioso", com Germano Silva, Jorge Ricardo Pinto e Ana Cristina Sousa) e 16 de junho ("Ervas e rimas", com Pedro Olavo Simões, Sousa Dias e Cristiana Vieira), ambos na Casa Comum, às 18 horas, e ainda dois passeios temáticos orientados por Germano Silva, nos dias 11 e 18 do corrente, sempre pelas 10 horas e com ponto de partida a indicar. Estes são dedicados, respetivamente, às festividades de São João na Lapa e em Cedofeita. A participação nos passeios implica inscrição prévia.

A exposição tem entrada livre e pode ser apreciada na Casa Comum, no edifício histórico da Universidade do Porto, aos Leões (Praça de Gomes Teixeira). Está aberta entre as 10 e as 13 horas e as 14.30 e 17.30 horas, de segunda a sexta-feira, sendo que aos sábados apenas será acessível da parte da tarde, das 15 às 18 horas. Aos domingos, a Reitoria encontra-se encerrada.