Foi por unanimidade que Portugal conseguiu ser admitido como membro das Nações Unidas (ONU), a 14 de dezembro de 1955, nove anos depois de o ter solicitado e num pacote com 16 países. Uma aprovação que fez a "assistência romper em aplausos", conforme enfatizou o JN na notícia, publicada na edição do dia seguinte, e que fez a machete do jornal, com o simples e informativo título: "Portugal foi admitido por unanimidade na ONU".
Portugal tinha pedido a adesão à ONU em agosto de 1946. Como país neutral durante a II Guerra Mundial, Portugal tinha, em princípio, direito a aderir às Nações Unidas. A diplomacia portuguesa acenou com a colaboração com os aliados e a utilização da Base das Lajes. Conseguiu o apoio britânico e americano. Mas a União Soviética e a Polónia vetaram o pedido, alegando que Portugal tinha mantido relações de amizade com Itália e Alemanha.
Nos nove anos seguintes, o contexto geopolítico mundial alterou-se. A morte de Estaline abriu portas a um novo clima de desanuviamento entre as superpotências, apelidado de "coexistência pacífica". Além disso, Portugal tinha conseguido a plena integração nas alianças militares e políticas do Ocidente, com a admissão na NATO (1949) e era considerado uma peça-chave na arquitetura de defesa do Atlântico e no então chamado "Mundo Livre".
Em 1955, já havia apelos para admissão generalizada de todos os países nas Nações Unidas. A 14 de dezembro, o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se, a pedido da delegação soviética. "A delegação da U.R.S.S. anunciou que estava disposta a retirar o veto à admissão de todos os candidatos, salvo quanto ao Japão, à Coreia do Sul e ao Vietenão", escreveu o JN, na notícia colocada na primeira página.
Nessa quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU votou, assim, favoravelmente a entrada de um conjunto de 16 países. Além de Portugal, foram admitidos: Albânia, Jordânia, Irlanda, Hungria, Itália, Áustria, Finlândia, Ceilão, Nepal, Líbia, Camboja, Laos, Roménia, Bulgária e Espanha.
A adesão de Portugal foi aprovada por unanimidade num conjunto de 11 dos 16 países candidatos. "A assistência rompeu em aplausos", escreveu o JN, vincando: "Os países admitidos são todos os que a Assembleia Geral tinha recomendado ao Conselho de Segurança, com a excepção do Japão e da Mongólia Exterior".
A declaração de aceitação para Portugal das obrigações constantes da Carta foi depositada junto do Secretário-Geral a 21 de fevereiro de 1956 (data da entrada em vigor para Portugal)