
Uma equipa de sucesso: Isabel, Rosário, Teresa, Maria, Albano e Paula
Lisa Soares / Global Imagens
Maria Peres será um daqueles segredos que fazem de uma escola pública um lugar onde evoluem os melhores. Na Clara de Resende, tirou 20 a Matemática. Sem erro possível. Frequenta a mais bem classificada escola pública do Porto, concelho e distrito, estabelecimento cuja receita é "a cultura de escola".
Rosário Queirós, diretora, fala de "sentido de pertença" e "trabalho de rigor" dos professores e o "esforço" dos alunos. Com o 37.º lugar no ranking nacional, é a terceira melhor escola pública do país. E se admite que o facto de ficar ali bem perto da confortável Avenida da Boavista lhe traz alunos de um certo nível socioeconómico e cultural (por via da instrução dos pais), também ressalva os 20% de alunos subsidiados no agrupamento. Há bairros sociais e ilhas por ali.
"Tentamos criar as condições para que esta seja uma escola simpática, mas disciplinada", explica, recordando as vezes em que vai às salas de aula dar os parabéns por boas notas, ao mesmo tempo que se diz "completamente intransigente" com questões de agressividade, para as quais dispõe de um gabinete de disciplina.
Depois, há os professores. Dizem: "amor à camisola" e disponibilidade. Paula Guimarães, secretária do Conselho Pedagógico, tem um cargo original, próprio desta escola, fruto da autonomia: "Liberta o diretor da organização e do pensar pedagógico, permitindo que o pensar a escola seja partilhado".
Albano Maia, professor de Matemática, adianta a forma como a Clara de Resende se antecipou às alterações de regras vindas de cima, privilegiando o conhecimento. "Gastamos imensas aulas no apoio às disciplinas estruturantes, nas áreas em que sentimos mais dificuldades". Na dele, conseguiu a segunda melhor média do Porto, uns muito confortáveis 12,96, num país a negativo.
Maria que o diga. Veio de um colégio no final do 3.º ciclo, por opção educativa. Aponta a proximidade dos professores, não sentiu muita diferença. Outros transitam de escolas privadas por força da austeridade. "Integram-se, porque encontram uma realidade parecida", assegura Paula Guimarães.
"Não trabalhamos para os rankings, nem podemos adormecer neste contentamento", diz-nos Isabel Silva, do Conselho Geral. Mas Teresa Pinto, 17 anos e média de 16, garante que "é muito bom saber" que frequenta uma escola de "qualidade".
