No Centro Hospitalar Universitário de S. João (CHUSJ), no Porto, mais de quatro mil profissionais de saúde estão vacinados contra a covid-19. Dos 50 casos habitualmente registados por semana, aquela unidade hospitalar registou, durante o mês de fevereiro, apenas sete, que ocorreram em profissionais ainda não vacinados.
"Anteriormente à época de vacinação, a incidência de doença rondava os 50 casos por semana. Atualmente, no mês inteiro de fevereiro tivemos cerca de sete casos. Todos eles em profissionais não vacinados. Portanto, ainda assim, a incidência que temos no mês inteiro, é inferior àquilo que tínhamos por dia antes de iniciarmos a vacinação", revelou esta manhã Pedro Norton, Diretor do Serviço de Saúde Ocupacional do hospital.
O impacto da vacinação no Hospital de S. João, no Porto, "é a primeira evidência nacional, fora de um contexto de ensaio clínico," que permite concluir que "de facto, a vacina é eficaz". "E isso abre uma janela de esperança para os restantes cidadãos portugueses de que, de facto, a vacina poderá ser uma arma extremamente eficaz no combate à pandemia", reforça Pedro Norton.
Os profissionais de saúde que ainda não foram vacinados têm uma história prévia de infeção por SARS-CoV-2 e a norma da Direção-Geral de Saúde recomenda não priorizar esses profissionais "na medida em que se acredita que tenham imunidade pelo menos durante alguns meses em relação à doença".
Dois casos detetados entre tomas
Durante o período de vacinação contra a covid-19 aos profissionais do Hospital de S. João, foram detetados dois casos de infeção. O Diretor do Serviço de Saúde Ocupacional explica o que poderá ter acontecido: "Num deles, o diagnóstico foi feito três dias depois da segunda dose e noutro caso seis dias depois da segunda dose. Isto quer dizer que, por um lado, ainda estávamos dentro do período de incubação da doença - que são 14 dias -, e portanto, o que terá acontecido é que estes dois profissionais foram infetados algures depois da primeira dose e desenvolveram a doença dentro do período de incubação normal, que coincidiu com o início dos sintomas após a toma da segunda dose".
Pedro Norton recorda, no entanto, que "de acordo com a evidência científica disponível, sabemos que a eficácia da vacina é máxima sete dias depois da segunda dose". Em nenhum dos casos a doença foi desenvolvida após esses sete dias.