O presidente do Chega, André Ventura, desafiou, esta terça-feira, o PSD para "construir uma alternativa" de governo à direita, defendendo a necessidade de um entendimento até às eleições europeias do próximo ano.
No final de uma audiência de cerca de uma hora com o Presidente da República no Palácio de Belém, em Lisboa, pedida na sequência da sua reeleição como presidente do Chega na convenção do final de janeiro, André Ventura disse ter manifestado a Marcelo Rebelo de Sousa o compromisso de "começar a construir uma alternativa para estar pronta até às eleições europeias e num quadro temporal de médio prazo".
Falando aos jornalistas ladeado por Marta Trindade, vice-presidente do partido, o líder do Chega disse que a construção dessa alternativa "depende também do PSD", pelo que "tem de ser um trabalho feito a dois".
André Ventura indicou não estar a falar "nem de coligações, nem de acordos".
"Quando digo uma alternativa, ninguém vai assinar acordo nenhum. Nós temos que dar a sensação ao país, ao Presidente, aos portugueses, de que há uma alternativa se formos chamados a essa escolha", salientou.
Ventura indicou que ainda não falou com o líder do PSD, Luís Montenegro, mas defendeu que "mais do que diálogo, do que telefonemas e encontros, é preciso que comece a haver uma convergência na crítica e na solução".
"O que é importante não é o número de vezes que eu falo ao telefone com Luís Montenegro ou que Luís Montenegro fala ao telefone comigo, é se no parlamento, que é a casa da democracia, na ação de crítica há pontos comuns - e tem havido até muitas vezes, com estilos diferentes, como aconteceu agora no Banif, na crítica dos ministros, na comissão de inquérito - e também há algumas soluções alternativas comuns", defendeu.
Apesar de ainda não ter convidado o líder social-democrata para uma reunião para abordar esta questão, o presidente do Chega está convicto de que vai acontecer: "Mal seria se o líder do PSD recusasse reunir com o líder do terceiro maior partido português sem qualquer razão aparente, como reuniria com outro líder qualquer".
"Penso que é a melhor altura para isso. Se Luís Montenegro não quiser agora, se preferir mais perto do verão... Penso que o importante é a partir de agora termos um contacto político", apontou.
O presidente do Chega antecipou que as eleições regionais na Madeira, ainda este ano, podem constituir um "primeiro teste" ao "cenário de uma eventual governação".