Cinco das obras do plano de investimento Ferrovia 2020 vão ficar prontas ainda mais tarde do que previsto. Sem candidatos para responder aos concursos públicos lançados neste ano, a IP - Infraestruturas de Portugal vai subir o preço destas empreitadas para evitar novos atrasos.
A linha do Algarve é a mais afetada. A eletrificação dos troços entre Tunes e Lagos e entre Faro e Vila Real de Santo António só terminará no terceiro trimestre de 2023. No mês passado, previa-se que os trabalhos ficassem concluídos no início desse ano.
Além da avaliação de impacte ambiental para os dois troços - com que a IP não contava -, o atraso também se deve às "dificuldades dos projetos, do mercado de obras públicas na fase de contratação e na articulação com as autarquias das soluções a desenvolver" pela própria empresa, segundo a apresentação feita no Parlamento na semana passada.
Pelos mesmos motivos, a IP teve de mudar de novo a data de conclusão da eletrificação do troço entre Marco de Canaveses e Régua.
Em fevereiro de 2016, a empresa previa que este trabalho ficasse pronto no último trimestre deste ano. Só que a revogação do contrato com os projetistas deixou a obra em banho-maria e os comboios elétricos só deverão chegar à Régua no final de 2023.
Linha do Norte
A demora nas obras também atinge a linha do Norte: entre Válega e Espinho, a renovação integral de via só vai terminar no final de 2023, mais de quatro anos depois do prazo inicial, porque é preciso um novo projeto de execução.
No interior, a concordância da Beira Alta, entre Guarda e Cerdeira, só ficará pronta no segundo trimestre do próximo ano.
Os problemas nos projetos de obra surgiram este ano. Antes disso, entre 2016 e 2018, "os preços das propostas eram 20% ou 30% abaixo do preço-base do concurso. Era assim que o mercado estava a responder, até as empresas encherem a carteira de encomendas", referiu António Laranjo, presidente da IP.
Desde o início deste ano, "as propostas não podem ser apreciadas por preços irrisoriamente baixos. Há concursos desertos e propostas que não são validadas". Para se adaptar à nova realidade, a empresa pública vai aumentar o valor destes concursos, com custos para os contribuintes.
Ao fim de quase quatro anos, o Ferrovia 2020 só tem 5% das obras concluídas. O plano de investimento ferroviário está orçado em 2,171 mil milhões de euros.
IP acelera obras em Sines e na Beira Alta
A tentar recuperar o tempo perdido, a IP antecipou a data de conclusão de três obras face à informação divulgada pelo JN/Dinheiro Vivo no mês passado. A conclusão da modernização da linha entre Sines e Ermidas-Sado, anteriormente prevista para o início de 2024, deverá ficar pronta em meados de 2023. Também foi antecipada, em três meses, a modernização dos troços entre Pampilhosa e Santa Comba Dão e entre Celorico da Beira e Guarda. Na Beira Alta, as obras deverão ficar prontas entre o final de 2022 e o início de 2023, três meses antes da última previsão, mas três antes após o prazo inicial.