O bispo de Viana do Castelo, D. João Lavrador, manifestou-se esta quinta-feira a favor do "escrutínio público" dos custos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, defendendo que "a Igreja tem de dar o exemplo" no que toca a evitar o despesismo. Considerou que "há uma certa guerrilha partidária", subjacente à polémica em torno da obra do altar-palco concebido para receber o Papa Francisco em Portugal, avaliada em cerca de cinco milhões de euros. E lembrou que nas JMJ de Madrid, onde esteve presente, "o palco era relativamente simples".
"Estive em Madrid e o palco não era nada disto. E celebrou-se muito bem. Os bispos não têm nada que estar empoleirados lá em cima. Os cantores também não tem que estar lá empoleirados. Toda essa coisa de estarem todos empoleirados não sei onde, é que veio trazer todo este espetáculo [polémica]", disse D. João Lavrador, que é também presidente da Comissão Episcopal da Cultura, dos Bens Culturais e das Comunicações Sociais.
D. João Lavrador recordou que em Espanha esteve "cá em baixo, sentado numa cadeirinha confortável" e que "o palco era relativamente simples, baixo e o próprio altar era muito normal".
Em conversa com jornalistas, esta quinta-feira, numa sessão de apresentação da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o bispo de Viana do Castelo considerou, que em matéria da JMJ em Portugal, a seu ver, "a Igreja devia dizer: o Papa precisa de um altar para celebrar, que tenha dignidade e visibilidade. E a partir daí deixar [o assunto]".
"A Igreja tem que ter a consciência da sociedade em que estamos e tem de ser simples, sóbria, sem estes aparatos de grandes despesismos. Tem de dar o exemplo nesse sentido", observou.
Questionado sobre o que pensa da polémica, D. João Lavrador respondeu que "é natural que [o gasto] seja escrutinado no público, porque mesmo que até fossem dinheiros especificamente da Igreja, estes não deixam de ser também públicos, porque eles vêm do povo. Portanto, há todo o direito de saber o que se está a passar".
E considerou ainda que a controvérsia relacionada com as Jornadas envolve "disputa e aproveitamentos" políticos. "Já se sabe que há aqui uma certa guerrilha partidária", disse, referindo que "não são alheios à situação", o facto "da câmara de Lisboa ter mudado", assim como a de Loures, e de "em termos de cores políticas, o próprio responsável, coordenador das Jornadas, ser de uma cor e a câmara ser de outra". "Tudo isso, lamentavelmente, cria algum embaraço, às vezes, às questões. Se houvesse uma harmonização as coisas podiam ser diferentes", concluiu.