
Autarquias têm também formado adultos e seniores em literacia digital, contribuindo para a transição digital em Portugal
Telmo Pinto / Global Imagens
A segunda fase do projeto "Emprego + Digital 2025" planeia formar e capacitar em tecnologias digitais 200 mil trabalhadores, gestores e dirigentes das empresas, formadores, bem como outras pessoas que se queiram candidatar a este programa do IEFP de forma independente. O concurso para as entidades formadoras abre dia 7 de novembro, estendendo-se até 15 de dezembro.
Depois de terminado o projeto-piloto de quase dois anos, de outubro 2020 a setembro 2022, que formou 27 500 pessoas de 43 associações empresariais, em cooperação entre o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e o Certificado de Competências Pedagógicas (CCP), o programa "Emprego + Digital 2025" traça como objetivo formar cerca de 200 mil pessoas até 2025.
"O plano é alavancar o que foi conseguido na primeira fase com as associações empresariais e alargar o programa a outras entidades formadoras", adiantou Domingos Lopes, presidente do IEFP, à margem da sua intervenção no Fórum de Competências Digitais, uma sessão que ocorreu esta segunda-feira no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), encerrando o primeiro Mês das Competências Digitais.
O programa de capacitação em tecnologias digitais integra a "Iniciativa Nacional Competências Digitais e.2030" (INCoDe.2030) e a dimensão da transição digital do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para promover a digitalização da economia portuguesa, no valor de 94 milhões de euros. O IEFP prevê que cerca de 23 milhões de euros sejam mobilizados na primeira fase de implementação da medida, já em 2023.
Recorde-se que, para além da medida "Formação emprego + digital" - destinada à formação de todos os trabalhadores de várias empresas -, em setembro de 2022 o programa passou a abranger três novas ações, concretamente o "Líder + digital", para a sensibilizar os empregadores às realidades dos meios virtuais, o "Formador + Digital", para alargar a rede de formadores nas tecnológicas de informação e comunicação (TIC), e o "Cheque formação + digital", uma oferta direcionada àqueles que trabalham individualmente que estejam interessados em desenvolver ou melhorar capacidades digitais.
Elevar Portugal aos dez primeiros em capacitação digital
Luísa Ribeiro Lopes, coordenadora-geral da INCoDe.2030, salvaguardou que nos últimos cinco anos a promoção das competências digitais em Portugal tem sido um imperativo que se manteve em 2022. "Só a dupla transição digital e climática permitirá combater a pobreza, a desigualdade e apelar a uma cidadania mais digna", defendeu a coordenadora.
Portugal ocupa o 15º lugar entre os 27 estados-membros da União Europeia do "Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade" (IDES) de 2022, um nível (2,6%) abaixo da média europeia (3.9%), conseguido, em grande parte, pela digitalização do setor público. Em termos de capital humano, isto é, a nível de competências digitais da população, o número de profissionais em áreas das TIC e com formação avançada, Portugal encontra-se no 14º lugar, posição acima da média europeia. Em 2022, 55,3% da população portuguesa demonstrou ter competências digitais básicas, mas apenas 2,6% é diplomada em TIC.
"Temos a ambição de Portugal chegar aos dez primeiros para nos colocarmos na linha da frente à capacitação digital", lançou Luísa Ribeiro Lopes.
Progressos devem acompanhar o ritmo da sociedade
"A administração pública é um dos fatores em Portugal que a nível europeu está muitíssimo bem posicionado em termos de serviços digitais, mas estes não valem de muito se toda a população não os puder utilizar a seu proveito", alertou o secretário de estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo, em declarações ao JN.
Insistindo que, em paralelo aos investimentos das universidades e politécnicos na formação de especialistas nas TIC, são necessários "outros programas complementares, como o 'UPskill', o 'Emprego + Digital' ou a 'Academia Portugal Digital' que através das empresas, da própria requalificação promovida por si próprias ou de plataformas genéricas podem puxar todo o país para ser um Portugal digital".
