CGTP

Milhares de trabalhadores manifestam-se em Lisboa por melhores condições de vida 

Milhares de trabalhadores manifestam-se em Lisboa por melhores condições de vida 

Milhares de pessoas reuniram-se, este sábado à tarde, em Lisboa, para a manifestação nacional da CGTP sob o lema: "Todos a Lisboa! Aumento Geral dos Salários e Pensões - Emergência Nacional", para representar trabalhadores da administração pública dos setores das autarquias, educação, saúde, dos serviços públicos e também do setor privado.

Em causa está a degradação das condições de vida dos trabalhadores, reformados, pensionistas e a ausência de respostas do Governo à crise económica. Milhares de trabalhadores começaram a descer a Avenida da Liberdade, em Lisboa, já passava das 16 horas, em direção aos Restauradores.

Manuela Amador, encarregada operacional num hospital, lida diariamente com os efeitos da crise económica que leva cada vez mais pessoas a viver na rua. "Há hoje pessoas que trabalham e estão com fome e sem abrigo porque as rendas aumentam, os preços dos alimentos também e a vida torna-se insustentável".

PUB

Enquanto funcionária pública em Sintra, a trabalhadora, com 62 anos, reclama do congelamento de carreiras há 35 anos. "Já ninguém trabalha motivado porque não somos valorizados, quer sejam médicos, enfermeiros ou encarregados operacionais como eu. Não há investimento na saúde e muitos vão para o setor privado, que sim valoriza o trabalho", lamenta.

Sandra Varela, 52 anos, operadora de registo de dados em Lisboa, queixa-se da cada vez maior precariedade no emprego. "Estou desempregada desde novembro e as ofertas de trabalho que recebia até então era de empresas de trabalho temporário, trabalhar ao mês não tem futuro, não há condições", afirma a militante do PCP de Lisboa.

À manifestação também decidiram comparecer os oficiais de justiça do Tribunal de Oeiras Christiana Lameiro, de Aveiro, e Ricardo Ribeiro, da Madeira. "O Oficial de Justiça trabalha hoje com amor à justiça, porque se não houver esse interesse maior, não justifica trabalhar por dois, por ordenados baixos e longe da família".

Christiana Lameiro, 31 anos, da secção criminal de Oeiras, entende que os baixos salários não atraem profissionais. "São abertos concursos para Lisboa, mas os preços enormes das rendas de casa afastam os candidatos, tendo em conta que começam por receber 800 euros". Já Ricardo Ribeiro, da secção cível do mesmo tribunal, afirma que devia haver respeito pelos oficiais de justiça. "Faço hoje o trabalho de dois oficiais de justiça na secção, porque não há atratividade, temos que gostar da profissão para trabalhar nesta área", admite o madeirense com 25 anos.

Isabel Camarinha pede aumento de salários em cem euros

Isabel Camarinha, líder da CGTP, regozijou-se pela grande adesão à manifestação deste sábado, que disse contar com mais de cem mil pessoas, e exigiu o aumento dos salários em pelo menos cem euros no setor público e privado.

"Os lucros batem recordes e mais que duplicam ao mesmo tempo que salários e pensões diminuem. Isto não pode ser inevitabilidade, chama-se exploração, podem tentar mascarar com a guerra, a pandemia e a crise, mas a riqueza é criada pelos trabalhadores e tem que ser melhor distribuída por quem produz", afirmou.

Isabel Camarinha criticou o anúncio do estudo para a compreensão do preço dos bens. "O conluio entre o Governo e as grandes empresas que leva ao empurrar dos trabalhadores para o empobrecimento. O Governo é tão passivo perante o escândalo dos lucros das empresas, o que o leva a fazer qualquer coisa, um estudo à compreensão do preço, uma nova versão de que não podemos controlar os preços, que o país aguenta a austeridade que já derrotámos e que vamos voltar a derrotar, ao invés de estabelecer limite máximo na habitação, preços dos bens e créditos bancários".

A CGTP não poupou críticas à legislação laboral. "A legislação não prevê que cada posto de trabalho tem que ser ocupado com vínculo efetivo, que favorece o patronato e prejudica a qualidade de vida e os direitos intocáveis dos trabalhadores. Que se desenganem os que pensam que podem limitar o direito à greve e a liberdade sindical", rematou.

A manifestação nacional da CGTP acontece um dia depois de uma greve nacional da administração pública, convocada pela Frente Comum de Sindicatos, estrutura da CGTP.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG